domingo, 7 de novembro de 2010
APESAR DO ESCURO
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
DE PASSAGEM
Saudade, a janela que traz
Volta e depois sossega
Como um abraço em que se vai
Eu vi braços que se erguiam
Entre os vãos por onde andava
Ora entravam, ora fugiam
Do medo que não passava
Estava longe quando parti
E solto, o beijo teu ficava
Rastejando pelos trilhos
E o caminho terminava
A saudade então fechava
A janela que se abria
Sem dizer por onde entrava
Fez-se luz onde nada havia.
W. Borba (10/10/10)
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
CRÔNICA Nº 5
Hoje você conseguiu me fazer chorar
Finalmente viste lágrimas em meus olhos
Parabéns, você conseguiu
Eu não faria diferente
Tanto fizeste para que eu fosse só de ti
Tanto pediu pra nossos corações serem um
Monossilábicos...
Diagonalmente teu
E tão fácil me dei
Fiz por mim, fiz por você
Fiz por nós acima de tudo
Hoje você não só conseguiu
Como me fez sentir dor
E eu chorei
Chorei e lamentei a tua ausência
E tu, tu nada fizeste
Talvez tenha sorrido
Duvido que tenha sofrido
Quanto a mim?
Sofri...
Se é isso que queres saber, sofri
E, de coração, não te culpo por isso
Porque se me entreguei a carne e a pele
Fui eu, e somente eu me condeno
E padeço, saciado de tudo
Das mentiras, das bobagens e da tristeza
Hoje eu confesso que desabei
Desagüei no meu próprio poço sem fundo
E desfaleci, torpe, inerte
Parei de pedir teu abraço
O único laço
E vejo que é sempre assim
Mente fraca, corpo sóbrio
O último gesto de amor
É sempre uma palavra de ódio.
W. Choppinho
(Agosto / 2008)
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
PARECIA PERDIDO
Procurava pôr primeiro os passos
Pois parava pela pista e ponderava
Porque precisava pintar paredes
Prosseguir por entre pincéis
Por precaução, preparei plurais
Proclamei paixões, perdi meu pares
Pude, portanto, permitir a primeira
Plenamente perversa pelo que parecia
Parar os pilares e pacificar prisões
Por parar perante a planície
Percebi palmeiras ali plantadas
Por pacto ou por pena
Pulei pelos pontos pretos
Pintados pelos punhos permissivos,
Passivos e pretensiosos
Pude pedir para parar por piedade
Piedade de propósito,
Própria da penúria
Parecia perdido, porém passou.
W.Choppinho
Julho, 2010
CRÔNICA Nº 6
Saiu pela porta da frente com o olhar cálido
Parecia suportar uma dor que não comporta
E naquele instante eu me vi mais triste
Foi sincera e me deixou a banhar os olhos
Senti as mãos gelarem perante sua sombra
Partiu como um rio parte a buscar o mar
E naquele instante eu me vi mais triste
Ela passou a porta e me deu as chaves
Olhou a fachada e fechou os olhos
Sentiu o sal de uma lágrima cair à boca
E naquele instante eu me vi mais triste
Me abraçou e beijou meus lábios
Vestiu os óculos e atravessou a rua
Me olhou de longe a acenou com os dedos
E naquele instante eu me vi mais triste
Um ano se passou e ela bate a porta
Que meses a atravessou chorando
Abriu os braços e me abraçou em silencio
Tocou minha face e me beijou os lábios
Pediu perdão e me amou intenso
E naquele instante deixei de ser triste.
domingo, 1 de agosto de 2010
CARTA ÀS SENHORAS E AOS SENHORES
quarta-feira, 28 de julho de 2010
EU ME PERCO SOZINHO
quarta-feira, 21 de julho de 2010
O TERCEIRO ADEUS
Se pouco via a luz, agora tanto faz como tanto fez
Minha pele já não sente o calor dos teus abraços
Não é a mesma coisa da luz, é outro lance
É como criança prematura e sua necessidade de carinho
Não basta cobrir-me no edredom
E abraçar o travesseiro
Pois nele não há teu cheiro, não se ouve teu ofegar
Não me tocas daquele jeito, quando menos espero
É um invólucro de papel que não se abre
Na devoção que sempre tive a teu apreço
Fico como um menino espremido na janela fechada
A balbuciar canções que falam da chuva
E a tarde se vai com uma saudade incontida
Daquilo que não se tem e do que jamais volta.
W. Borba – Jan/2010
AS PUTAS DO RECIFE
Elas são fiés da grana e do status de homens
Que andam enviesados pelas ruas com suas pick-ups
A mostrar ao mundo que tudo se resume a isso
Outros têm fazendas e sítios que impressionam
Maioria só tem um carro, presente do pai.
As putas de Recife são bonecas de porcelana
Com a índole de barro e o caráter de azulejo
A vagar nas noites a procura de alguém de sua fé
Que banque seus luxos e pague seus whiskys
Satisfazendo-se de pouca migalha dada
E enchendo os olhos das amigas de inveja.
As putas de Recife são as verdadeiras putas
Não que em outras cidades elas não existam
Mas aqui eu as vejo e posso observá-las
Ninguém as encontraram em puteiros ou nas ruas
Basta enxergar no topo dos prédios
E nos bares chiques da cidade
Sempre com algum homem de camisa pólo e brasão
Para pagar a fatura com o valor da sua genitália.
W.Borba - Mar.2010
domingo, 13 de junho de 2010
POR QUE VIESTE?
terça-feira, 1 de junho de 2010
NOVE DIAS
segunda-feira, 31 de maio de 2010
SENTAR-SE À MESA
terça-feira, 18 de maio de 2010
CRÔNICA Nº 7
Ainda é o mesmo quarto em que juntos confabulávamos e dividíamos tantos segredos. Ainda ouço Smiths e Chico antes de dormir. A sala mesmo vazia, emana reflexos oriundos do passado, como um enorme holograma das nossas próprias lembranças. E indiferente, ali estou eu... sentado no canto da sala, deitado em teu colo. Ainda sinto o cheiro do café torrado e dos ovos fritos que costumavas deixar passar do ponto. Ainda é o livro do Hermann Hesse que repousa com a orelha dobrada na página 76. Sim, ainda uso cuecas - box brancas.. e parece que foi ontem que zombavas de mim por preferires as velhas samba-canções que usava desde os 22 anos. O vizinho ainda me pede toda sexta pra eu baixar o som da sala, ainda ouço o latido dos cães brigando por sexo no meio da rua. Mesmo não podendo exagerar, ainda fumo alguns cigarros quando estou bebendo e acho que vou parar mais cedo do que imaginava. E tudo que eu fale agora talvez seja pra ainda poder dizer que sinto tua falta. E talvez nunca pudesse deduzir que sentiria tanto, mesmo tão ocupado e sem tempo pra nada. É que cada pedacinho dessa casa tem o teu retrato impresso em lágrimas com uma tinta invisível. Pois essas paredes lamentaram junto comigo a tua ausência e esta caneta já se finda por excesso de uso. Ainda dá pra sorrir no fim da tarde, a solidão passa a ser companheira de todas as horas. Acho que o "fica bem" que disseste antes da partida tem um sentido, agora, mais abrangente. Ainda quero te dizer que estou bem, mesmo com tudo que me toma, essa explosão de sandices quando toco no teu nome. Ainda quero que me encontres, em qualquer lugar longe daqui. É preciso sentir que existes fora desta realidade a qual compartilho todos os dias.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
quarta-feira, 31 de março de 2010
CINCO ALMOFADAS VERMELHAS
segunda-feira, 8 de março de 2010
UM EU QUE CHORA QUANDO NÃO ESTOU
É deserto e renasce ao mesmo tempo
Por vias de uma morte anunciada de fato
É um EU que muda com o passar das horas
Um sino que badala a penumbra erma
Esse EU que aparece no centro do meu teto
É um hóspede da sua própria insolência
Data a ferida exposta com a casca
Mergulha ainda que disperso onde se nutre
Sem ser maravilha, sem ser desprezo
Como um gole do mesmo veneno que o mata
É um EU que absorve um adeus com saudade
E devora um abraço com penúria e sofreguidão
A mil metros de um silencio ensurdecedor
Se abriga com um medo de achar a porta
Do elevador que se transfere em vãos
Esse EU quer ser o mesmo que o chamam
Entre o ouvido e a palavra falada
Morre em meio ao fogo que brota do chão.
W.Choppinho
Março de 2009
POEMA EM LÁ MENOR
Cada vez que de ti me aproximo
E declamo versos tortos, ingênuos
As vezes te faz pensar que nada mais declaro
A não ser essa minha incoercível vontade
E esse meu desejo constante e indizível
De protelar tua partida
Deste-me o prazer da tua companhia
Das tantas vezes que olhei em teus olhos
E me parecia como se nada existisse
Além de uma tristeza ainda doída
Mas acima de tudo, um olhar pedinte
Um sorriso quase que forçado
Esperando o feixe de um sol adormecido
Pronto para o sereno despertar de um júbilo.
E por fim, a tua beleza
Calmamente contemplada por meus olhos
Desfiando teu contorno no cerne da ilusão
E te venero, e te idolatro
Mesmo sem teu consentimento
Mesmo com todo o teu desprezo
Do que vem a ser teu nome, a rainha do mar
Cabelos escuros e pele branca
A dourar as folhas que te “clorofilam”
E a me fazer fiel ao teu contentamento
Sempre quando por mim passares
As folhas deste meu jardim pálido
Renascem em devaneios do tempo.
W.Choppinho
Março de 2009
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
AINDA CAMINHAS PELA CASA
Num falar baixo, num caminhar leve
Ainda deitas sobre o lado esquerdo da cama
Figuras como um imenso corte de seda
Perfumada com maçãs colhidas na alvorada
Teus passos ainda são audíveis
Ao mesmo tempo em que me causa estranheza
Estás no caule da mesma margarida
És o tempo e o contratempo da saudade
Mumificada em minha lembrança
Idolatrada em minha profunda tristeza
Não há muito o que se pensar
Pois adormeces em meu desassossego
Diante o mesmo ponto eqüidistante
Ao outro lado do infinito
Ainda que inerte, a casa vazia,
Soa como um grito ensurdecedor no silencio
Ainda que não se escute tuas preces
A mesma madrugada vai encobrir meus olhos
Com a mesma saudade que me cobre de lágrimas
Agora não há mais nada além do inexprimível
São só trovões e chuva torrente
E a casa sempre irá permanecer morta
Enquanto dela estiveres ausente.
A ILUSÃO ABSURDA DA VIDA
Do faz de conta inquietante e necessário.
A cada ano a gente se veste de desejo
De saudade, de crítica, de anarquista louco.
Dar na cara o pó da ilusão absurda da vida
Ser palhaço e ser um bêbado maluco pelas ruas
Procurando um olhar que dê paixão
Por dizer assim, um coração que se estilhace
E no meio da folia se abrigue uma saudade
Por mais que louca, por mais que vadia
É só um porre de insanidade nas narinas
Descer ladeira e se espremer na multidão
A cantar a oração sádica da balbúrdia
Beijar a boca da primeira bailarina
Que se esbalda de sonhos ante olhos
Ou da borboleta que passeia perfumada
Inebriando o caminho por onde passa
É hora do burguês mendigar o beijo
E do plebeu ser ator de si mesmo
Pulemos a cantiga do escárnio generalizado
Como nunca antes frevamos nas ladeiras do tempo
Por um momento, por um desejo
O beijo, o sonho, o porre e o medo.
W.Choppinho
Recife, 22 de Janeiro de 2010