Já faz tempo que eu digo
Que pra sentar-se à mesa comigo
O sujeito tem que ter coração
Tem que sofrer de fato e de direito
Não ter nenhum preconceito
De cor, sexo ou religião
Tem que falar de uma antiga ilusão
Destilar sua angústia guardada no tempo
Tem que saber que o sofrimento
É a viga que sustenta sua desolação
E de que vale uma noite no bar
Se o homem não chorar
Lembrando sua grande paixão?
Tem que cantar Alcione comigo
Lamentar a morte do Vinícius
E crer no poder da reencarnação
Acender um cigarro de menta
Perguntar se o garçom agüenta
Mas uma horinha de sofreguidão
Rir em tom de cinismo
Das morenas que passam sorrindo
Clamando por nossa atenção
Por fim, pedir a tal dolorosa
Dar uma gargalhada fogosa
E um abraço aqui, no irmão.
(W. Borba - Fevereiro de 2008)
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