quinta-feira, 30 de abril de 2009

LAMÚRIAS

Abriste a porta do meu quarto
E sorrateiramente adentraste-o
Cabelos soltos, camisola de seda
Que em encontro com a luz da lua
Tomava uma tonalidade perolada
Passos lentos, olhar insinuante
Deitaste em minha cama com delicadeza
O cheiro do teu corpo me roubava os sentidos
Tua pele já começava a esquentar
Cabelos ainda úmidos, pescoço perfumado
Ainda exalando o J'ADORE do Dior
Tão presente em minhas narinas
Desde o dia em que nos amamos pela primeira vez.
A minha insistência em não te resistir
Puxar teus cabelos pelo pé da nuca
Olhar no fundo dos teus olhos
Morder teu queixo, sugar tua língua
Usar os dentes para tirar tua roupa
Todas as loucuras que me induziste a cometer
Tuas lamúrias, gritos e respiração ofegante
Não importava se eu estava em baixo
Ou se estava em cima... era um despudor voraz
Todos os palavrões e discrepâncias
Que adoravas quando eu as propagava em teus ouvidos
Palavras xulas, por vezes ditas
De "puta" à "meu amor"...
Tantas noites nos vestimos de loucos
E tantas vezes deixamos nossa máscara cair
Éramos só você e eu, a carne e a faca
Desprendido da miséria e hipocrisia do mundo
E entregues a delícia de um gozo desmilinguido
Atroz, nítido, putrefato e odioso
E finalmente deitávamos, suados, exaustos
Mortos de tanto prazer
É melhor morrer te possuindo à ultima migalha
Que tentando ser humano num mundo desprezível
Como este em que estamos agora
Resta-me olhar no vazio e te possuir em pensamentos
Onde quer que você esteja, nenhuma noite
Em nenhum momento de minha vida, foi igual aquela.

W.Choppinho
Recife, 12 de Abril de 2009
às 03:12h

© Todos os direitos reservados
Lei nº 9.610 de 19/02/1998
Ed. Mundo Imaginário
W.Choppinho (Wagner Borba)
wagborba@yahoo.com.br

quarta-feira, 29 de abril de 2009

SONATA DA MADRUGADA

Com a boca sedenta e o corpo desfalecido
Vieste ao meu encontro
Tão branca, tão pura, tão leve...
Teu corpo até me feriu ao tocar-me
Te colocas em ordem, fio por fio
Teu cheiro, teu gosto...
Provei de ti, do inicio ao fim
Pedaço por pedaço, grão por grão
És o sal da terra, o sabor da vida

Mas vejo o perigo pregado a face
Me tornar tão dependente de ti
E me solver diante da lógica
O gosto amargo que se propaga
Num pêndulo arenoso e fétido
Te deitas em um plano escuro
E te mostras ao contraste da tua existência
Mas ainda de procuro, ainda te devo
Devo a cartilagem cortada,
Marcada por tua passagem


W.Choppinho
Recife, 15 de Abril de 2009
às 02:49h

© Todos os direitos reservados
Lei nº 9.610 de 19/02/1998
Ed. Mundo Imaginário
W.Choppinho (Wagner Borba)
wagborba@yahoo.com.br

DONA DE TODA BELEZA

Ao abrir da tarde, põe-te
Moça morena, a lançar os olhos no mar
Pisando levemente a areia molhada
Sem encostar os calcanhares no chão
Encontras-te às costas nuas
A buscar no horizonte uma saudade,
Um silencio, uma contemplação divina.
A pureza no suspiro contido
Misturada ao suor da pele branca
Faz uma solução aquosa, ácida
Que me leva a ponderar sobre ti
E subverter as minhas inquietações.
O que é belo passa a ser questionado
Porque a beleza é parte de qualquer pessoa
De ti, é o todo... indivisível e fixo
E ao enxergar o olhar maldoso de outras
Que passam por te e invejam tua imponência
Chego a ficar envaidecido
Pois deste a mim o delírio de te adorar
De te debruçar sobre meus olhos
E desenhar a forma que és, moça morena!
Agora deito a caneta sobre as folhas
E as pálpebras sobre meus olhos
Chego a tocar teu corpo em migalhas,
Em raspas de imaginação...
Será que isso é possível? Não sei!
O que sei é que continuas a olhar o horizonte
Ao cair da tarde, num triste adeus do dia
E o mar se faz mais calmo, e guarda as ondas
Em respeito a tua chegada, moça morena
Dona de toda beleza.


W.Choppinho
Recife, 28 de Abril de 2009
Dedicada à morena da praia de Porto de Galinhas.
às 15:20h

© Todos os direitos reservados
Lei nº 9.610 de 19/02/1998
Ed. Mundo Imaginário
W.Choppinho (Wagner Borba)
wagborba@yahoo.com.br

CRÔNICAS SOBRE O DESAMOR

E então, o fim de mais uma paixão
Veio... e se foi na poeira do tempo
Eu que entreguei todo meu apreço
Apostei tudo e mais uma vez, peno
Acho que nasci para não ser amado
Ou as flores pra mim não desabrocham
Sinto que há de mais em meu coração
E de menos em minha vida
Tua partida foi silenciosa, do dia pra noite
Me deste adeus pouco depois de dizer "eu te amo"
E então eu pus os meus pés no chão
E mendiguei num suplício uma explicação
Nada além do silencio, nada além do espasmo
Me deste um adeus ríspido e cru
Saíste de minha vida numa obra do acaso
Não por falta de amor, nem de sonhos
Dei tudo o que um pobre poeta
Pode oferecer em forma de palavras
Mas parece que foi pouco, ou quase nada
Não chorarei mais uma vez,
Não darei este gosto ao meus demônios
Ficarei aqui, sentado neste banco
A te olhar me dando as costas e partindo
O que me resta é não desistir
Procurar um novo amor em cada amanhecer
E tentar fazer de conta que tudo morreu
Volto a pisar neste chão de espinhos
Esboçando um sorriso, apesar do choro
E te agradecendo por mais um favor
O favor de me iludir e tirar de mim
A coisa mais nobre que eu tinha
Minha esperança, adeus!!

Recife, 28 de Abril de 2009
às 02:28h

© Todos os direitos reservados
Lei nº 9.610 de 19/02/1998
Ed. Mundo Imaginário
W.Choppinho (Wagner Borba)
wagborba@yahoo.com.br

POR TUDO E POR NÓS MESMOS

De que é feito o amor senão de dúvidas
Um pouco de amargo, uma pitada de desculpas?
Amar é procurar uma cor num quadro em tons de cinza
É mastigar um remédio que não se engole por inteiro
É meio rúcula, meio brócolis, meio azedo.
Tenho vivido muitos enganos, a vida é cheia disso
Enganos são mais que promessas não cumpridas
São frutos de uma árvore regada a lama
A primeira flor que nasce, morre... seca
E eu te amei por tudo e por nós mesmos
Além do que a visão alcança

De que é feito o amor senão de risos
Por algo que se conquista, por uma dor presente
Rir é apenas mover a carne ao gosto dos hipócritas
Então, ria de mim... faça-me ridículo
Por tudo e por nós mesmos
Todo carinho vem de vencido, nunca é concebido
Ao todo, somos eu e o tempo... o resto é podre
São migalhas cuspidas em nome do medo
Acho que de tanto amor, chegamos a ser tolos
O amor é medido em gestos, não em planos
Quantos planos são necessários para viver o amor?

De que é feito o amor senão de "adeuses"?
Um adeus por cada beijo retribuído
Um adeus por cada abraço... nem sempre sincero
O ridículo da vida é aceitar sua existência
Mendigar um gesto nunca antes feito
E se jogar no abismo da ilusão plena
Lembra que a felicidade é efêmera
E tudo que eu digo tem fundamento lógico
Portanto, não ame... não seja tolo
Viva o que sente sem sentir o passar da vida
Vou viver, reorganizar minhas coisinhas
E te esquecer...


W.Choppinho
Recife, 27 de Abril de 2009
às 19:06h

© Todos os direitos reservados
Lei nº 9.610 de 19/02/1998
Ed. Mundo Imaginário
W.Choppinho (Wagner Borba)
wagborba@yahoo.com.br

A TI, MORENA

Morena que passa na Rua Dom Bosco
Dedico a ti estas linhas
E eu, apaixonado, te vejo a caminho
De um lugar qualquer
Seguindo trilhas, caminhos torcidos
Devagar, quase pairando
Não sei se és um poema
Ou simplesmente um delírio íntimo
Mas cada passo que inicias
É como se vieste a meu encontro
Sandalhinha rasteira a ranger
Passadas curtas, proporcionais a ti

Tudo de ti, morena
É fruto do mínimo sabor de ventura
Atravessas a Cde. da Boa Vista
E nem olhas para trás
Mas só de te ver passar seguindo o vento
Por toda Rua Dom Bosco
Valeu apena parar no tempo
E admirar a mais pura beleza do teu rosto


Recife, 20 de Abril de 2009
às 16:44h

O TEMPO PAROU...

Tá tudo estranho no templo do afeto
Tudo passando em meio aos escombros
Até onde não há fresta para os ventos
A vida atenta para o que não vemos
Eu que a tive em meus braços,
Eu que deitei em teu colo e chorei
Espero o telefone tocar até agora
Querendo um aviso, um sinal de saudade
Um carinho distante, mesmo não-polido

Seria eu um estúpido em falar de amor
Já que o amor é algo que te cobro
E por muitas vezes não te dou?
Ou já não sabes o suficiente
Dentro desta visão atenta da paixão
Que te amo além do tempo
Infinito e mísero diante da eternidade?
Queria tê-la agora, por mais uma hora
Que pra nós é muito mais que mil minutos
E te ver acolher meu carinho,
Esse mendigo sujo, porém honesto
Presente no montante do amor que devo

Ainda vão se passar muitas horas
Talvez hoje nem ouça teus sussurros
Mas o meu lamento vai além do que se ouve
E sabendo que o tempo é a sensação de movimento
Queria ficar parado, mudo, no escuro
Pra ver se o tempo pára
E nada além do canto de um pássaro
Ou do sonar de algum morcego
Faça-me acreditar que o dia passou,
E eu não te ouvi, nem te toquei
Vai valer a pena acreditar que o tempo parou.


Recife, 22 de Abril de 2009
às 02:12h

ME AME (OU AME-ME)

Me ame
Apenas o necessário para seguirmos
Pois nossos passos abrem o caminho
Em silencio, descalços, dormentes
Me ame
Busque em mim o melhor que falta em você
Transforme o seu medo em fogo
E seus desenganos em flores
Me ame
Muito além da saudade, muito mais que amante
Sempre que preciso aponte para o norte
E tente enxergar-me em cada vão de estrada
Me ame
Com afeto, com desejo, com raiva
Aquele amor que expõe a carne viva
Deite-se ao meu lado esta noite e
Me ame
Daquele jeito quente e doente
De morder a língua e lamber os dentes
De salivar molhando o corpo
Me ame
Inocente, ardente e vulgar
Tentando com os olhos fixar meu peito
Abraçar o sono em baixo das cobertas
Me ame
Pois todo amor é mágoa e delírio
Tem um lance de tragédia, tem um ar de sorriso
Se reprimido, larga o mundo e
Me ame


Recife, 06 de Abril de 2009
03:22h

CANTIGA NOTURNA DE UM DESAMOR

O Desamor chegou:
- Vai, abre a porta!
Entre e sente a mesa comigo, assim estou
Mais uma vez sozinho a contar o tempo que passou
E que amei além do que se ama qualquer amor
Sirva-se, ponha ao prato o que desejas

O único e exato sentido das palavras
É sempre aquele que a boca profana ao vento
Fala, fala pra mim qualquer coisa sã
Que a insanidade não pertence a teu mundo
E não te preocupas porque choro...
O desamor tem que ter um "Q" de saudade
Saudade do que bate na gente
E não nos faz sentir dor.
Dá tempo ao medo que também se faz presente
Ele precisa de um sentido pra seguir
Buscar num oceano de lamentos e lágrimas
A gota de um delírio arrancado, amordaçado

Me nega esse fardo de te levar comigo
E devolve essa minha gana de viver, por favor!
Agora a noite fria e chuvosa do outono
É minha morada e meu cantinho da saudade
Quero falar ao meu coração criança
Que por mais que a solidão entre em minha casa
Sempre terá um novo amor a dormir comigo.


Recife, 11 de Abril de 2009
21:57h

ODE À MULHER PROIBIDA

Se não fosse por este imenso amor que sinto
Talvez estivesse longe dos teus olhos
Disfarçado de coluna em qualquer edifício.
E como é difícil resistir a distancia
Saber que só podes ser minha em pensamento.
Até quando suportar o martírio do engano,
Se já me entreguei a ti por completo?
Se não fosse o alimento do desejo que cultivo
Provavelmente não seguiria o teu caminho
Buscaria um amanhã menos triste pra renascer
Tocar, beijar, roçar minhas pernas nas tuas
Acordar-te com um cheiro em teu pescoço
É só desejo, que provocas todas as noites
Ao atender teus suplícios sedentos por carinho
- Diz a ele que me amas, não te enganas!
És minha tanto agora quanto na eternidade.
Se me falta o talento de te esperar por mais um dia
Sobra-me o lamento de concordar com teus planos
A me pedir paciência, a te entender sem questionar
É que não caibo mais em mim de tanto desejo
Quando me olhas, me desafias... e sou complacente
Porque mesmo na agonia de um suspiro em teu ouvido
Eu tenho que controlar meus anseios
E contar com os olhos cheios de desgraça
Este infinito passar das horas
Um “tic-tac” desalmado e nem de perto misericordioso
Agora deito sobre meus braços
E descanso da noite que passei acordado.


Recife, 15 de Abril de 2009
00:36h

UM DELÍRIO, UM ADEUS

Parece parte da minha vida
Amei, como há tempos não amava
E me iludi, mais uma vez
E como tantas vezes...
Me deixaste a chorar a mesma dor
Há tempos já acostumado
Nem sequer me mandaste embora
Apenas partiste...
Compraste uma ilusão tão ridícula
Acreditaste num amor que não existe
Preferiste o desamor...
Sabes que não o ama...
E mesmo assim, insistes
Por insegurança, por medo
Como se tudo isso fosse mais importante
Que viver o pleno... o doce da vida!

Como ousas me dizer palavras
Que não és capaz de traduzir em gestos?
Por que pediste meu colo
Se o carinho que te dei foi sucumbido?
Foste minha por algumas noites...
Apenas juras... apenas promessas
E nem tua palavra de jogar tudo por alto
E viver essa paixão comigo
Foste capaz de cumprir... és uma fraca!
Refém de um delírio reprimido e desalmado

Queres saber por que fizeste isso?
Porque você não se ama
Porque não tens pulso
Te vendes por falsos abraços
E por uma sensação de segurança inútil
E sabe o que me dá mais raiva?
É que te adorei do principio ao fim da história
Do primeiro contato ao pedido de abrigo
Abrigo no vão dos meus braços
Que te ofereci tantas vezes em meio ao frio.


Recife, 26 de Abril de 2009
01:24h de uma madrugada chuvosa.

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.