segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Por um minuto, te olhei e fez-se luz na escuridão da minha vida.
Hoje, quem me vê, já comenta a felicidade latejante nos meus olhos
O meu caminhar é mais leve, meu quarto está mais organizado
Já não deixo livros espalhados pelo chão e o som não está tão alto
Essa tua chegada aos meus braços enche meu sorriso de verdade
E como é bom acordar ao teu lado e ver verdade em teu sorriso também
Esse infinito de paixão e sonhos ao qual compartilhamos
Merece ser estendido, mas não sei até quando
Bem sabes que as pessoas que amei de verdade sempre seguiram em frente
Não quiseram minha companhia para o resto da eternidade
De verdade, só ficaram as boas lembranças,
Esse combustível altamente inflamável que me queima por dentro.
Tu entraste em minha vida como um fio de esperança
E te aceito como quiseres vir, mesmo contando o tempo
Me purifique de tudo que me faz podre
E me tire este medo de amar tão feroz que está guardado em mim
Por um minuto, me faça crer que jamais irás embora
Que em qualquer dia ou a qualquer hora, sempre estarás aqui.


Nov/2009

PRIMEIRO POEMA PARA MARIA

Quer saber como me apaixonei por ti?
Foi como a primeira vez que te vi
Fez-se alvorecer no ínfimo minuto
Naquele instante infinitesimal de alegria
Era uma “meia-hora” extraída de todo o tempo
Como se o espaço girasse ao redor de mim
E vi estrelas luzirem na casta da noite
Eu aqui e você ali, sem nos tocarmos
Apenas vi teus olhos espremidos nos sorrisos
E talvez não precisasse nem disso
Para saber que você já não é inventada
Pois a certeza da tua chegada aos meus sonhos
Só se deu porque não me dei a ninguém
Pois sem querer você já se fez dona
Da pequena parte totalmente de mim
Onde não há restos para sobrar
Não há tempo para perder
E só há alguém que pode abrigar
E esse alguém, é você.


Dez/2010

SEGUNDO POEMA PARA MARIA

Menina do brilho nos olhos
Acorda, pois a vida te chama pra seguir comigo
Renda-se como quem se dá para o infinito
Indo buscar nele um novo recomeço
Agora já não tens mais como fugir.

Embora eu tenha chegado tão de repente
Durante a madrugada que silenciava teu sono
Um tanto permissivo ante tua pureza
Ainda que a mulher esteja firme em teu corpo
Rimos como duas crianças indefesas
Diante do mar que contemplaremos juntos,
Adormecidos, apaixonados e mudos.


Dez/2010

SÚPLICA

Ele:
Hoje eu oro por ti e creio na tua volta
Que passem as horas sob a nuvem fria
E dias caiam diante do tempo que para
Na rapidez da suave canção que assobias
Oro por tua volta em volta dos dias
Ela:
Também oro por ti e creio que me esperas
Pois há muito não acredito em vida vazia
Hoje só devoto a minha fé em meus sonhos
Hoje meu tormento é só fumo e sangria
Oro por tua volta em volta dos dias
Ele:
Já não me aguento de tanta saudade
Pois a tristeza se fez passar por alegria
Fez do meu ombro um cômodo de passagem
Durante a viagem que nunca acabaria
Oro por tua volta em volta dos dias
Ela:
Isso me sufoca e provoca ansiedade
Se não mais me amasse, nada valeria
O que seria a minha luz diante dessa cidade?
O que seria da felicidade sem a alegria?
Oro por tua volta em volta dos dias
Ele:
Agora me vejo cada vez mais próximo
Tudo que passou ofuscou tudo que havia
Pois meus pés não se importam com o caminho
E meus olhos não suportam mais essa agonia
Oro por tua volta em volta dos dias
Ela:
De certo já ouço teus passos mais perto
E assim sossego a palidez dessa anemia
Que faz obstruir o caminho deserto
Ainda que o coração bata em desarmonia
Oro por tua volta em volta dos dias.


Maio/2007

domingo, 7 de novembro de 2010

APESAR DO ESCURO

Assim como quem acorda e encontra tudo fora do lugar
Eu despertei e não achei uma única pista do meu destino
Por onde andei, sabia eu, nunca acharia o meu caminho
Porque fiz do meu eterno "passar dos dias" um breve esquecimento

E o alento de me ver chorar apenas ao entardecer também é breve
Ha passos que se encontram sem nunca terem visto um ao outro
E mãos que se entrelaçam mesmo antes nunca serem parte de nada
Há madrugadas em que o berço dos sonhos desde sempre alimentados
Cai em meio ao poço profundo de mais um copo de whisky barato

Assim como confetes na ilusão da profana alegria de criança
Girando a chave que prendia meu corpo largo, imenso de saudade
Quis fugir do poço onde me abrigava e correr para a vida
Fazendo de cada despedida um breve adeus a esperar a volta

Mas o alento de me ver chorar apenas ao anoitecer também é breve
Como breve foram as partidas entre dias e noites ao relento
E o céu, gris, cinzento, vai também querer chorar um dia
Inundar nosso caminho, antes seco e vazio, agora turvo
E que nos fará olhar um no outro e nos enxergar, apesar do escuro.


W.Borba (Choppinho) - 11/10/2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DE PASSAGEM

Partida é a porta que leva
Saudade, a janela que traz
Volta e depois sossega
Como um abraço em que se vai
Eu vi braços que se erguiam
Entre os vãos por onde andava
Ora entravam, ora fugiam
Do medo que não passava
Estava longe quando parti
E solto, o beijo teu ficava
Rastejando pelos trilhos
E o caminho terminava
A saudade então fechava
A janela que se abria
Sem dizer por onde entrava
Fez-se luz onde nada havia.

W. Borba (10/10/10)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CRÔNICA Nº 5

É, você conseguiu
Hoje você conseguiu me fazer chorar
Finalmente viste lágrimas em meus olhos
Parabéns, você conseguiu
Eu não faria diferente
Tanto fizeste para que eu fosse só de ti
Tanto pediu pra nossos corações serem um
Monossilábicos...
Diagonalmente teu
E tão fácil me dei
Fiz por mim, fiz por você
Fiz por nós acima de tudo

Hoje você não só conseguiu
Como me fez sentir dor
E eu chorei
Chorei e lamentei a tua ausência
E tu, tu nada fizeste
Talvez tenha sorrido
Duvido que tenha sofrido

Quanto a mim?
Sofri...
Se é isso que queres saber, sofri
E, de coração, não te culpo por isso
Porque se me entreguei a carne e a pele
Fui eu, e somente eu me condeno
E padeço, saciado de tudo
Das mentiras, das bobagens e da tristeza

Hoje eu confesso que desabei
Desagüei no meu próprio poço sem fundo
E desfaleci, torpe, inerte
Parei de pedir teu abraço
O único laço
E vejo que é sempre assim
Mente fraca, corpo sóbrio
O último gesto de amor
É sempre uma palavra de ódio.


W. Choppinho
(Agosto / 2008)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PARECIA PERDIDO

Parecia perdido, porém passou
Procurava pôr primeiro os passos
Pois parava pela pista e ponderava
Porque precisava pintar paredes
Prosseguir por entre pincéis
Por precaução, preparei plurais
Proclamei paixões, perdi meu pares
Pude, portanto, permitir a primeira
Plenamente perversa pelo que parecia
Parar os pilares e pacificar prisões
Por parar perante a planície
Percebi palmeiras ali plantadas
Por pacto ou por pena
Pulei pelos pontos pretos
Pintados pelos punhos permissivos,
Passivos e pretensiosos
Pude pedir para parar por piedade
Piedade de propósito,
Própria da penúria
Parecia perdido, porém passou.


W.Choppinho
Julho, 2010

CRÔNICA Nº 6

Ela tocou meu rosto e disse adeus
Saiu pela porta da frente com o olhar cálido
Parecia suportar uma dor que não comporta
E naquele instante eu me vi mais triste

Foi sincera e me deixou a banhar os olhos
Senti as mãos gelarem perante sua sombra
Partiu como um rio parte a buscar o mar
E naquele instante eu me vi mais triste

Ela passou a porta e me deu as chaves
Olhou a fachada e fechou os olhos
Sentiu o sal de uma lágrima cair à boca
E naquele instante eu me vi mais triste

Me abraçou e beijou meus lábios
Vestiu os óculos e atravessou a rua
Me olhou de longe a acenou com os dedos
E naquele instante eu me vi mais triste

Um ano se passou e ela bate a porta
Que meses a atravessou chorando
Abriu os braços e me abraçou em silencio
Tocou minha face e me beijou os lábios
Pediu perdão e me amou intenso
E naquele instante deixei de ser triste.

domingo, 1 de agosto de 2010

CARTA ÀS SENHORAS E AOS SENHORES

Soltando os laços eu me regenero. Não sou o que o mundo molda, minha vida não tem roteiro. Eu vivo porque a vida é aquele micro-infinito que usamos pra calcular nossa própria miséria. Não consigo me adequar a exatidão da vida, pra mim é muito mais do que peças que se encaixam. Eu gosto é de bagunça, o inexato me atrai. Gosto de gente de meu lado, sozinho eu não dou conta. A crítica é natural pra quem vive assim, nunca fui e nunca quis ser unanimidade. Aqueles que se cansam da mesmice das coisas, da preocupação com um futuro até mesmo incerto o qual todos eles defendem como o “ciclo natural do homem na terra”, não são felizes. Definitivamente, essa gente não é feliz. São hipócritas que enchem a boca de demagogia e chegam quase a incitar uma masturbação humanística e sociológica. Em que pedra foi escrita que o homem nasce com o propósito de se ver no futuro um ser imóvel e supostamente “saciado” de tudo que já viveu? Esses são os filósofos da famosa frase “não tenho mais idade pra isso”. O tempo da alma não acompanha a cronologia. A vida é mais que viver de recordações e nos satisfazermos com aventuras angustiantes como o aluguel, a escola das crianças e o plano de saúde. E por isso nunca serei aceito, nunca me chamarão para essas caretices como chá-de-bebê e encontro de casais em pleno sábado a noite. Porque meu grito não é pros tímpanos dessa gente careta e falso-moralista. Meu grito é pra lua, meu uivo é pro vento. O futuro é o espelho do que eu sou agora. E se eu tenho sangue nas veias e vivo a derramar meu prazer por aí é porque tou vivo... vivo... vivo!!

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.