terça-feira, 18 de maio de 2010

CRÔNICA Nº 7

Ainda é o mesmo quarto em que juntos confabulávamos e dividíamos tantos segredos. Ainda ouço Smiths e Chico antes de dormir. A sala mesmo vazia, emana reflexos oriundos do passado, como um enorme holograma das nossas próprias lembranças. E indiferente, ali estou eu... sentado no canto da sala, deitado em teu colo. Ainda sinto o cheiro do café torrado e dos ovos fritos que costumavas deixar passar do ponto. Ainda é o livro do Hermann Hesse que repousa com a orelha dobrada na página 76. Sim, ainda uso cuecas - box brancas.. e parece que foi ontem que zombavas de mim por preferires as velhas samba-canções que usava desde os 22 anos. O vizinho ainda me pede toda sexta pra eu baixar o som da sala, ainda ouço o latido dos cães brigando por sexo no meio da rua. Mesmo não podendo exagerar, ainda fumo alguns cigarros quando estou bebendo e acho que vou parar mais cedo do que imaginava. E tudo que eu fale agora talvez seja pra ainda poder dizer que sinto tua falta. E talvez nunca pudesse deduzir que sentiria tanto, mesmo tão ocupado e sem tempo pra nada. É que cada pedacinho dessa casa tem o teu retrato impresso em lágrimas com uma tinta invisível. Pois essas paredes lamentaram junto comigo a tua ausência e esta caneta já se finda por excesso de uso. Ainda dá pra sorrir no fim da tarde, a solidão passa a ser companheira de todas as horas. Acho que o "fica bem" que disseste antes da partida tem um sentido, agora, mais abrangente. Ainda quero te dizer que estou bem, mesmo com tudo que me toma, essa explosão de sandices quando toco no teu nome. Ainda quero que me encontres, em qualquer lugar longe daqui. É preciso sentir que existes fora desta realidade a qual compartilho todos os dias.

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PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.