quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CRÔNICA Nº 5

É, você conseguiu
Hoje você conseguiu me fazer chorar
Finalmente viste lágrimas em meus olhos
Parabéns, você conseguiu
Eu não faria diferente
Tanto fizeste para que eu fosse só de ti
Tanto pediu pra nossos corações serem um
Monossilábicos...
Diagonalmente teu
E tão fácil me dei
Fiz por mim, fiz por você
Fiz por nós acima de tudo

Hoje você não só conseguiu
Como me fez sentir dor
E eu chorei
Chorei e lamentei a tua ausência
E tu, tu nada fizeste
Talvez tenha sorrido
Duvido que tenha sofrido

Quanto a mim?
Sofri...
Se é isso que queres saber, sofri
E, de coração, não te culpo por isso
Porque se me entreguei a carne e a pele
Fui eu, e somente eu me condeno
E padeço, saciado de tudo
Das mentiras, das bobagens e da tristeza

Hoje eu confesso que desabei
Desagüei no meu próprio poço sem fundo
E desfaleci, torpe, inerte
Parei de pedir teu abraço
O único laço
E vejo que é sempre assim
Mente fraca, corpo sóbrio
O último gesto de amor
É sempre uma palavra de ódio.


W. Choppinho
(Agosto / 2008)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PARECIA PERDIDO

Parecia perdido, porém passou
Procurava pôr primeiro os passos
Pois parava pela pista e ponderava
Porque precisava pintar paredes
Prosseguir por entre pincéis
Por precaução, preparei plurais
Proclamei paixões, perdi meu pares
Pude, portanto, permitir a primeira
Plenamente perversa pelo que parecia
Parar os pilares e pacificar prisões
Por parar perante a planície
Percebi palmeiras ali plantadas
Por pacto ou por pena
Pulei pelos pontos pretos
Pintados pelos punhos permissivos,
Passivos e pretensiosos
Pude pedir para parar por piedade
Piedade de propósito,
Própria da penúria
Parecia perdido, porém passou.


W.Choppinho
Julho, 2010

CRÔNICA Nº 6

Ela tocou meu rosto e disse adeus
Saiu pela porta da frente com o olhar cálido
Parecia suportar uma dor que não comporta
E naquele instante eu me vi mais triste

Foi sincera e me deixou a banhar os olhos
Senti as mãos gelarem perante sua sombra
Partiu como um rio parte a buscar o mar
E naquele instante eu me vi mais triste

Ela passou a porta e me deu as chaves
Olhou a fachada e fechou os olhos
Sentiu o sal de uma lágrima cair à boca
E naquele instante eu me vi mais triste

Me abraçou e beijou meus lábios
Vestiu os óculos e atravessou a rua
Me olhou de longe a acenou com os dedos
E naquele instante eu me vi mais triste

Um ano se passou e ela bate a porta
Que meses a atravessou chorando
Abriu os braços e me abraçou em silencio
Tocou minha face e me beijou os lábios
Pediu perdão e me amou intenso
E naquele instante deixei de ser triste.

domingo, 1 de agosto de 2010

CARTA ÀS SENHORAS E AOS SENHORES

Soltando os laços eu me regenero. Não sou o que o mundo molda, minha vida não tem roteiro. Eu vivo porque a vida é aquele micro-infinito que usamos pra calcular nossa própria miséria. Não consigo me adequar a exatidão da vida, pra mim é muito mais do que peças que se encaixam. Eu gosto é de bagunça, o inexato me atrai. Gosto de gente de meu lado, sozinho eu não dou conta. A crítica é natural pra quem vive assim, nunca fui e nunca quis ser unanimidade. Aqueles que se cansam da mesmice das coisas, da preocupação com um futuro até mesmo incerto o qual todos eles defendem como o “ciclo natural do homem na terra”, não são felizes. Definitivamente, essa gente não é feliz. São hipócritas que enchem a boca de demagogia e chegam quase a incitar uma masturbação humanística e sociológica. Em que pedra foi escrita que o homem nasce com o propósito de se ver no futuro um ser imóvel e supostamente “saciado” de tudo que já viveu? Esses são os filósofos da famosa frase “não tenho mais idade pra isso”. O tempo da alma não acompanha a cronologia. A vida é mais que viver de recordações e nos satisfazermos com aventuras angustiantes como o aluguel, a escola das crianças e o plano de saúde. E por isso nunca serei aceito, nunca me chamarão para essas caretices como chá-de-bebê e encontro de casais em pleno sábado a noite. Porque meu grito não é pros tímpanos dessa gente careta e falso-moralista. Meu grito é pra lua, meu uivo é pro vento. O futuro é o espelho do que eu sou agora. E se eu tenho sangue nas veias e vivo a derramar meu prazer por aí é porque tou vivo... vivo... vivo!!

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.