quarta-feira, 25 de novembro de 2009

E EU QUE ME COBRI DE FLORES...

E eu que me cobri de flores esperando a primavera
Pudera, ela nunca mais retornará
Pois os passos perdidos no tempo se desfizeram
E a busca pela estirpe da flor se extinguiu
Pobre têmpora que habita as colinas austrais
O pavor fez com que elas secassem ante os olhos
Paralíticos e vacilantes de um eu,
Pobre e desacreditado que em mim não existe mais
Me cobri de abraços passionais e férvidos
Imbuído em te aceitar como ama do meu beijo
Te esperando pela madrugada densa
Que agora repousa sobre o travesseiro
Uma espera amedrontada e silenciosa
Além do vaticínio descabido de uma vida
Mas esperei a primavera assim como num sonho
E ela se foi sem nem ter tocado o chão
Fiz da grata surpresa de um novo amanhecer
Uma ilusão dolorosa dessa espera infindável
Programada para nunca mais acontecer
Por culpa dessa minha esperança inesgotável.


W.Choppinho
Recife, 24 de Novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

DIGA LÁ, CORAÇÃO

Diga lá coração
Fala dessa alegria que te toma
Fala da menina que habita em ti
Como ela é?
O que ela quer?
O que você vê?
Diga lá coração
Conta as flechas de sorrisos
Adormecidos e empilhados
Tantas e tantas noites em claro
Fala desse amor que é teu
E ela compartilha contigo
Todo afeto desse menino
Desse garoto franzino
Que pulsa e não pede por nada
Conta desse desapego com o mundo
De não querer ser dono de nada
Nem das suas vontades
Nem da sua fé
É ela, simplesmente ela
Morena, pequena, faceira
Diga lá coração
As tantas minúcias e carícias
A ti dedicadas e flambadas
Com o óleo quente da cidreira
A busca por saber de nada
Da alma, da fala, do riso
De tudo que é preciso
De tudo que é mais raro
Diga lá coração
Se abre comigo
Me mostra o mendigo da força da imaginação
Que faz dos lampejos sua honra
O mal intocado que ajuda a viver
Diga lá coração
O que eu já sei
Pois o que não sei já deixei pra trás
Deixei morrer.


W.Choppinho
Recife, 16 de Novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

DO PESCOÇO AO CÓQUIS

Primeiro é o olhar que se cruza e se fixa
Os corpos que se aproximam e se prendem
Como um cadeado em elo num abraço firme
As mãos que tateiam a derme polida e quente
Que seguem em direção ao dorso até chegar a nuca
Lá, elas apertam a carne e enlaça os cabelos
Um emaranhado de fios negros perfumados
Que se entrelaçam entre os dedos úmidos
Depois é o cheiro amargo que penetra nas entranhas
O calor que sai das narinas efervescentes
Os olhos fitam agora a boca e a boca procura a outra
E se encaixam, como um livro na estante
Daí por diante é só coisa de pele
O calor passa para o corpo
Uniformemente distribuído e requentado
As mãos já procuram outras curvas
Os dedos pressionam as costas nuas e avermelhadas
A língua e a saliva já não fazem parte de uma metade
É tudo compartilhado, tudo passa a ser do todo
Os dentes que forçam os lábios a passar por entre eles
O sorriso, o tesão de se entorpecer por algo
Diferente do álcool ou de qualquer droga comum
A boca agora já não quer mais se contentar com a outra
Ela já procura o pescoço, o dorso, o ventre
Passa pelos ombros, descem ladeira a baixo
Até chegar no cóquis, onde deságua a saliva
A partir de agora já não há vestimentas
Já não se sabe o teor da paixão incontida
Já não se contam as horas e pouco importa a noite
Saciados, adormecidos e inertes


W.Choppinho
Recife, 10 de Novembro de 2009

ALGUÉM ASSIM COMO VOCÊ

Alguém assim como você,
Com esse sorriso, esse olhar
É tudo que eu preciso pra viver
Esperar um abraço apertado e sentido
Cada vez que me vir de frente a ti
Fitar os teus olhos planejando o infinito
Construindo meus sonhos
Tendo teu carinho como base
E tuas mãos como guia

Eu acho que preciso mesmo
De alguém assim como você
Que chora por qualquer palavra,
Qualquer frase de amor escrita
E a ti dedicada
Que me dá coragem pra seguir a viagem
E esquecer a despedida
Só pensar na chegada,
Na volta pra casa,
Nos braços que me acolhem

É...
Eu realmente preciso de alguém
Assim como você
Que fica brava e faz biquinho
Mas na verdade só quer carinho
Quer ser mimada mesmo não gostando disso
E vendo teus olhos rasos d’água
A raiva que se esvai e desabrocha num sorriso
E me beija, e me abraça
Me pede pra que eu nunca a deixe
E que, por ela, eu nunca vá embora
E me devora, e me maltrata
E como eu gosto disso, como isso me agrada

É, ainda bem que não preciso de mais nada
Já que tenho a ti, em carne e osso
Hoje, a mim e ao mundo, eu posso dizer
Que sou infinitamente feliz
Pois tenho alguém, que é você.


W.Choppinho
Recife, 22 de Setembro de 2009

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.