quarta-feira, 31 de março de 2010

CINCO ALMOFADAS VERMELHAS

Numa noite, qualquer noite, noite passada
Era madrugada enquanto te via
Te emoldurava quadro a quadro em teus gestos
E teu olhar, aquele olhar, do primeiro ao último olhar
Sem querer me refletia
Sem querer abri meus olhos
Sem querer te conhecia
Tudo se espalhou e tudo convergia
Em cada toque, em cada beijo, em cada sorriso
Eu me nutria de desejo e te queria
Te seduzia e te deixava sem graça
Alí na sala, uma cerveja, cinco almofadas vermelhas
O tapete e você,
Você no centro de tudo e tudo em volta estava escuro
Sem ligar para o cansaço, encolhida em meu abraço
Éramos nós e o nascer do dia
Minha boca em teu pescoço, tua mão na minha
Te beijei, te senti, e teu cheiro entorpecia
Pele branca, cabelos negros,
Um sorriso que de tão verdadeiro
Transformava tudo aquilo um mero faz-de-conta
Mas não querias, não te deste a mim
Tantas razões e nenhuma convencia
Mas esse amanhecer contigo
Vou levar sempre comigo
Até o fim dos meus dias.


W.Borba
Recife, 31 de Março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

UM EU QUE CHORA QUANDO NÃO ESTOU

O EU que aparece em volta desta sombra
É deserto e renasce ao mesmo tempo
Por vias de uma morte anunciada de fato
É um EU que muda com o passar das horas
Um sino que badala a penumbra erma
Esse EU que aparece no centro do meu teto
É um hóspede da sua própria insolência
Data a ferida exposta com a casca
Mergulha ainda que disperso onde se nutre
Sem ser maravilha, sem ser desprezo
Como um gole do mesmo veneno que o mata
É um EU que absorve um adeus com saudade
E devora um abraço com penúria e sofreguidão
A mil metros de um silencio ensurdecedor
Se abriga com um medo de achar a porta
Do elevador que se transfere em vãos
Esse EU quer ser o mesmo que o chamam
Entre o ouvido e a palavra falada
Morre em meio ao fogo que brota do chão.


W.Choppinho
Março de 2009

POEMA EM LÁ MENOR

É quase como não ver a vida
Cada vez que de ti me aproximo
E declamo versos tortos, ingênuos
As vezes te faz pensar que nada mais declaro
A não ser essa minha incoercível vontade
E esse meu desejo constante e indizível
De protelar tua partida
Deste-me o prazer da tua companhia
Das tantas vezes que olhei em teus olhos
E me parecia como se nada existisse
Além de uma tristeza ainda doída
Mas acima de tudo, um olhar pedinte
Um sorriso quase que forçado
Esperando o feixe de um sol adormecido
Pronto para o sereno despertar de um júbilo.
E por fim, a tua beleza
Calmamente contemplada por meus olhos
Desfiando teu contorno no cerne da ilusão
E te venero, e te idolatro
Mesmo sem teu consentimento
Mesmo com todo o teu desprezo
Do que vem a ser teu nome, a rainha do mar
Cabelos escuros e pele branca
A dourar as folhas que te “clorofilam”
E a me fazer fiel ao teu contentamento
Sempre quando por mim passares
As folhas deste meu jardim pálido
Renascem em devaneios do tempo.


W.Choppinho
Março de 2009

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.