quarta-feira, 25 de novembro de 2009

E EU QUE ME COBRI DE FLORES...

E eu que me cobri de flores esperando a primavera
Pudera, ela nunca mais retornará
Pois os passos perdidos no tempo se desfizeram
E a busca pela estirpe da flor se extinguiu
Pobre têmpora que habita as colinas austrais
O pavor fez com que elas secassem ante os olhos
Paralíticos e vacilantes de um eu,
Pobre e desacreditado que em mim não existe mais
Me cobri de abraços passionais e férvidos
Imbuído em te aceitar como ama do meu beijo
Te esperando pela madrugada densa
Que agora repousa sobre o travesseiro
Uma espera amedrontada e silenciosa
Além do vaticínio descabido de uma vida
Mas esperei a primavera assim como num sonho
E ela se foi sem nem ter tocado o chão
Fiz da grata surpresa de um novo amanhecer
Uma ilusão dolorosa dessa espera infindável
Programada para nunca mais acontecer
Por culpa dessa minha esperança inesgotável.


W.Choppinho
Recife, 24 de Novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

DIGA LÁ, CORAÇÃO

Diga lá coração
Fala dessa alegria que te toma
Fala da menina que habita em ti
Como ela é?
O que ela quer?
O que você vê?
Diga lá coração
Conta as flechas de sorrisos
Adormecidos e empilhados
Tantas e tantas noites em claro
Fala desse amor que é teu
E ela compartilha contigo
Todo afeto desse menino
Desse garoto franzino
Que pulsa e não pede por nada
Conta desse desapego com o mundo
De não querer ser dono de nada
Nem das suas vontades
Nem da sua fé
É ela, simplesmente ela
Morena, pequena, faceira
Diga lá coração
As tantas minúcias e carícias
A ti dedicadas e flambadas
Com o óleo quente da cidreira
A busca por saber de nada
Da alma, da fala, do riso
De tudo que é preciso
De tudo que é mais raro
Diga lá coração
Se abre comigo
Me mostra o mendigo da força da imaginação
Que faz dos lampejos sua honra
O mal intocado que ajuda a viver
Diga lá coração
O que eu já sei
Pois o que não sei já deixei pra trás
Deixei morrer.


W.Choppinho
Recife, 16 de Novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

DO PESCOÇO AO CÓQUIS

Primeiro é o olhar que se cruza e se fixa
Os corpos que se aproximam e se prendem
Como um cadeado em elo num abraço firme
As mãos que tateiam a derme polida e quente
Que seguem em direção ao dorso até chegar a nuca
Lá, elas apertam a carne e enlaça os cabelos
Um emaranhado de fios negros perfumados
Que se entrelaçam entre os dedos úmidos
Depois é o cheiro amargo que penetra nas entranhas
O calor que sai das narinas efervescentes
Os olhos fitam agora a boca e a boca procura a outra
E se encaixam, como um livro na estante
Daí por diante é só coisa de pele
O calor passa para o corpo
Uniformemente distribuído e requentado
As mãos já procuram outras curvas
Os dedos pressionam as costas nuas e avermelhadas
A língua e a saliva já não fazem parte de uma metade
É tudo compartilhado, tudo passa a ser do todo
Os dentes que forçam os lábios a passar por entre eles
O sorriso, o tesão de se entorpecer por algo
Diferente do álcool ou de qualquer droga comum
A boca agora já não quer mais se contentar com a outra
Ela já procura o pescoço, o dorso, o ventre
Passa pelos ombros, descem ladeira a baixo
Até chegar no cóquis, onde deságua a saliva
A partir de agora já não há vestimentas
Já não se sabe o teor da paixão incontida
Já não se contam as horas e pouco importa a noite
Saciados, adormecidos e inertes


W.Choppinho
Recife, 10 de Novembro de 2009

ALGUÉM ASSIM COMO VOCÊ

Alguém assim como você,
Com esse sorriso, esse olhar
É tudo que eu preciso pra viver
Esperar um abraço apertado e sentido
Cada vez que me vir de frente a ti
Fitar os teus olhos planejando o infinito
Construindo meus sonhos
Tendo teu carinho como base
E tuas mãos como guia

Eu acho que preciso mesmo
De alguém assim como você
Que chora por qualquer palavra,
Qualquer frase de amor escrita
E a ti dedicada
Que me dá coragem pra seguir a viagem
E esquecer a despedida
Só pensar na chegada,
Na volta pra casa,
Nos braços que me acolhem

É...
Eu realmente preciso de alguém
Assim como você
Que fica brava e faz biquinho
Mas na verdade só quer carinho
Quer ser mimada mesmo não gostando disso
E vendo teus olhos rasos d’água
A raiva que se esvai e desabrocha num sorriso
E me beija, e me abraça
Me pede pra que eu nunca a deixe
E que, por ela, eu nunca vá embora
E me devora, e me maltrata
E como eu gosto disso, como isso me agrada

É, ainda bem que não preciso de mais nada
Já que tenho a ti, em carne e osso
Hoje, a mim e ao mundo, eu posso dizer
Que sou infinitamente feliz
Pois tenho alguém, que é você.


W.Choppinho
Recife, 22 de Setembro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

NA HORA DE ESQUECER

Te esqueci...
Só pra dizer pra mim que valeu
Valeu pelo fim, pelo adeus
Pelas horas inertes que passei ao teu lado
Apaixonado, entorpecido, desfalecido
Te esqueci...
Pra mostrar que a razão me domina
Pelo menos até a próxima esquina
Até a próxima porta
Que se abrirá em meu caminho

Sobre os espinhos, sobre a mudez
Acima e diante de qualquer circunstância
Te esqueci pra provar que não minto
Quando digo que lavei meu corpo
Encardido do teu sumo
Enfadado do teu cinismo
Te esqueci em meio a poeira do dia
Numa ventania, numa desventura
Te esqueci em cada cama que deitei
Em cada uma que amei e cometi loucuras

É tolo agora dizer que esqueci
Tantos beijos, tanto gozo, tanta ternura
Mas é a verdade mais pura
Confessar agora que te esqueci
Pela ausência de lamentos
Pelo fim do tormento
E pela alegria em me dar novamente
Sem medo, sem fantasmas
Sem o karma da tua presença
Tão distante dos meus olhos

Te esqueci... enfim!
E dou gargalhadas da minha desgraça
Por saber que amei, um "ninguém"
Que não foi capaz de me amar
Na simplicidade de tudo que há
Apenas me esqueceu
E implicitamente, pediu pra eu esquecer também.


Recife, 2 de Outubro de 2009
W.Choppinho

E ISSO, É POR SUA CAUSA

Eu te amo
Não, não fala nada
Deixe as palavras saírem de mim
Sem questionamentos, sem explicações
O que eu quero é que você entenda
Que muito além do que sinto
Dentro de mim há um menino
Que tem medo e que clama carinho
Tou querendo te falar de amor
Mas de um jeito bem simples
Pra quem ama e pra quem desdenha
Mas ciente que todos entendam
Eu te amo
E isso não cabe mais em mim
Preciso te falar sobre cada sorriso
Cada arrepio quando me tomas
E o bem que me faz possuí-la
Ninar a incerteza e dormir com a alegria
Contando as horas de um novo encontro
Um novo abraço
Sabe... nem sei te falar direito
É que sou meio sem jeito pra explicar
Mas olha pra mim!!
Meu rosto não confessa minha felicidade?
E isso é por sua causa
Porque agora somos uma alma
Que habita dois corpos
Que pulsa e que vibra
Me dá tua mão e vem aqui fora
Vem olhar pra vida
E deixa tudo na velha estrada
Porque quem ama, não caminha
Voa por entre os sonhos!


Recife, 26 de Outubro de 2009
W.Choppinho

PROFÉTICO

Em teu carinho eu hei de ser mais criança
Hei de precisar do teu colo como um menino
E meu íntimo carece tanto mais de ti
Quanto meus olhos do que faz-te enxergar

Em tua carne eu hei de ser mais faminto
Porque não me alimentas só de sonhos
Boa parte do que preciso pra viver
Eu só consigo cada vez que te devoro

Em tua pele eu hei de ser mais macio,
Sussinto e afável como um gato faminto
Cativado em teu abrigo quente e escondido
No cerne da alma e em meio ao vazio

Por fim,
Em teu coração eu hei de ser mais amado
Pois o meu também é de ti eternizado
Enjaulado na posta crispada em um oceano
Profundo e santo, na vida e no espasmo.


Recife, 20 de Novembro de 2009
W.Choppinho

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

POEMA ÀQUELA QUE AINDA NÃO ESQUECI

Ainda és, de um álbum esquecido, a rosto principal
Pois tenho uma necessidade imensa de refazer teu sorriso
Em minha lembrança, em meus sonhos, em meu dilema
És um poema ainda sem título, ainda sem rima
Fora isso tudo, és o princípio da ternura não-vivida
Uma saída além de tudo que existe e que bate
Como um coração triste, como um sino a meia-noite
Apenas uma leve impressão da saudade inventada
Vem do nada... vai pra longe... chora e grita
Pra tornar a vida uma longa revoada
E pra saber, ainda estás viva em minha lembrança
Amarga, cinza, mas com um fio de esperança
Neste álbum esquecido, tão presente em meu mundo
Ressurgido em meu poema como um breve adeus
Enxugando minhas lágrimas no forçar da noite
Em desmandos de um sonho por se fazer doente
Vives impertinente a margem de um descaso aparente
Atiçando a soberba... em meio ao redemoinho de um beijo
Em meio ao desejo, triste flor de um jardim carente
Das pétalas rubras plantas em teu peito.


W.Choppinho
Recife, 06 de Agosto de 2009

RESMUNGOS

E chega ao fim mais um dia
Ela adormece no sofá da sala
Não quer falar de vida,
Não quer falar de nada
Só quer dormir tranqüila
Sentindo a dor do fim do dia
Sabendo que toda grana foi embora
E cada grama cheirada agora
É apenas medo de encarar a noite
Ela tem medo de dormir sozinha
Pede minha companhia e meu abraço
Também pede um copo e um maço
Derrama o uísque e chora
Porque não a amam, porque não a querem
Ela que é senhora da solidão
E eu sou o medo do fracasso
Passa das duas, vem a madrugada
Calada do ódio de ser apenas uma
Uma que posa de estúpida
Pra ser apenas notada
Ela sabe que precisa de ajuda
E quer tirar a tatuagem
Arrependida de gravar em sua vida
O nome daquele que lhe toma
Pede aos céus que não o mate
Mas que morra em seu coração
Brinda comigo a última dose
E de novo ela dorme
Cansada da vida e da sorte
Que a colocou em desgraça
E enfim, sofre de solidão.

W.Choppinho

Recife, 05 de Agosto de 2009

quarta-feira, 22 de julho de 2009

ASSIM COMO UM ADEUS

Foi breve,
Assim como um adeus
Foste e levaste contigo
A minha coragem
Simples como um sonho
Demolido por desejo
Arrancando e esfacelando
Toda minha sede de viver
Vieste apaziguar meu medo
E por que te vais assim?
Sem antes me beijar
Sem sequer olhar pra mim
E se eu te pedir pra ficar?
Se eu quiser molhar tua boca?
Se eu lutar por teu abraço?
Emudecida,
Assim eu esperava
Não baixaste a guarda
Deste a volta e foste
Na mesma caminhada
No mesmo silencio
Encostado na parede
Me pus a chorar
A derramar o meu leite
A orar por teus passos
E voltei pro quarto
E dormi sem sono
De olhos abertos
De lábios trêmulos
Com a porta encostada
A esperar teu retorno
Breve,
Assim como um adeus


W.Choppinho
Recife, 12/10/2000

quarta-feira, 3 de junho de 2009

NO ÍNTIMO

Ainda que eu pudesse fingir não te querer
Estaria mentindo da forma mais descarada possível
Porque te querer não é uma questão de tempo
É uma questão de lógica mais que fundamentada
Como olhar teus olhos e tentar calar meus ânimos
Fazendo com que tua presença seja vã.

Ainda que eu pudesse desviar teus olhos dos meus
Estaria sendo covarde em não admitir que te pertenço
Ora bolas, sabes que te amo mais que a mim mesmo
E te obedeço em troca de um sorriso amarelado
Fingindo estar feliz sabendo que nunca fui tão triste
E negando a razão da imobilidade desse sentimento

Ainda que eu pudesse sorrir ao cair do dia
Estaria condicionando meu sorriso a um brilho diário
Que uns conseguem captar melhor que outros
E eu já não consigo fazer meus olhos enxergarem o que quero
Eles só querem seguir tua luz e medir tua sombra
Além de toda e qualquer circunstancia predefinida

Ainda que eu pudesse moldar uma peça em argila
Estaria tentando esculpir um rosto qualquer na mente
E por mais que eu tentasse manipular o barro ao meu desejo
Só conseguiria transpor tua face à matriz
Cada pedaço deste rosto que conheço tanto
Desse tanto de beleza que habita teu corpo

Ainda que eu pudesse te odiar ferrenhamente
Estaria a procura de motivos sem cabimento e sem refuto
Porque nasci para balançar teu berço e te ninar no colo
Cobrir-te de beijos e saciar teus desejos mais impuros
E finalmente aceitar que vivo pra fazer teu mundo
Ser o mínimo de um espaço contido na amplidão do nada.


Recife, 11 de Novembro de 2001

segunda-feira, 25 de maio de 2009

HÁ BRAÇOS

Há gestos insólitos...

E perdi-me nas cidreiras

Colhi meus desencantos

Tive medo de ser só

E tive vontade de chorar

Há caminhos tórridos...

E andei por eles descalço

Medi o passo diante do caminho

Contei o tempo do meu sorriso

E tive vontade de chorar

Há pessoas ruins...

E olhei-os voltados pra terra

Subservi-os ao seu contentamento

Olhei em volta do meu mundo

E tive vontade de chorar

Mas quando te vi, ri, me aproximei,

E senti...

Há braços longos

Há braços carinhosos

Há braços contidos

E há braços que só querem...

...há braços sinceros,

Há braços quentes,

E sentindo que há braços...

...Não quis mais chorar.

terça-feira, 19 de maio de 2009

ILHADO

Nunca curti minha solidão sozinho, a minha solidão sempre foi a pior - A solidão acompanhada! Meus medos sempre foram órfãos de uma mão que apaziguasse minhas angustias e mesmo assim, nunca estive só. Há dias na vida em que tudo que eu mais quero é estar sozinho, pois há uma lógica adormecida no meu conceito de que muitas vezes eu não sou uma boa companhia para meus amigos. Eu sempre fui a exceção e sempre quis ter uma válvula de escape permanente em minha cabeça. Às vezes me refugio nos braços de mulheres que não amo, que não me amam e muito menos me completam, apenas enxertam concreto em meio as falhas de um coração, que aqui pra nós, já não agüenta mais tanto desprezo. Tem horas em que eu sinto que tudo que eu falo machuca as pessoas que amo e até no clichê do meu cinismo consigo ferir, sem mesmo sentir que isso dói mais em mim do que em qualquer um. Então, desde a semana passada, procuro um lugar longe de todos, um cantinho pra ter meu sossego e dar sossego aos outros, um colo que me abrigue, uma mão que se estenda, um beijo que me acalme e uma palavra que não me condene. Tudo que ouço ultimamente são palavras cortantes, críticas sobre minhas atitudes que, sinceramente, não consigo assimilar. Vão dizer que é por teimosia, vão dizer que é por vaidade, digam o que quiserem... ninguém é santo o suficiente pra me dizer como agir, nem demônio suficiente pra atentar sobre minhas opiniões. Estou mais dentro de mim do que ao meu redor, mais introspectivo, menos espontâneo, menos crítico e mais sensível a essas críticas. Peço para que se ponham em meu lugar, mais sair de um corpo em equilíbrio para abrigar um corpo diluído não é lá a melhor coisa do mundo e nessas horas, até entendo os que se recusam. Tenho acordado tarde e dormido ao nascer do dia. Meu chefe já não agüenta e se eu vacilar, perco o emprego rapidinho. Meu whisky já não tem o mesmo gosto, não sei se é por beber sozinho ou se por saber que ele me traz recordações amargas de um tempo em que a felicidade se sentava à mesa junto conosco e agora a mesa é um porto seguro, um escombro onde me encosto, tá difícil ficar em pé diante da realidade.


Recife, 19 de Maio de 2009
às 00:21h

domingo, 17 de maio de 2009

DANEM-SE

Depois de tanto tempo eu começo a ver
O quanto nós somos descartáveis para as pessoas
Quantas vezes disseram que me amavam
E me esqueceram, quando não mais de mim precisaram?
O correto é aceitarmos que tudo na vida é efêmero
A própria vida é...
A felicidade é...
O sorriso também é...
Por falar em sorriso,
É isso que eles tentam arrancar de mim
Como se eu fosse um fantoche das minhas próprias desgraças
Por muitas vezes fui acordado de madrugada
Com um pedido de ajuda:
"Olha, preciso conversar contigo..."
E sempre procurei dar mais de mim do que eu podia
Porque acreditava que o amor que eu sentia
Obrigava-me a não considerar as ocasionalidades
E eu tinha que ajudar estas pessoas
Porque eu só estou feliz se o meio em que vivo também está
Mas e quando eu é que preciso de ajuda?
Onde estão estas pessoas?
Onde está aquela preocupação para comigo?
Evaporou...
Sabe por quê?
Porque as pessoas se alimentam desta carga de amor
Deste imenso e desnecessário desejo de sermos úteis
Essa vontade de ser preciso até mesmo em momentos fúteis
O mundo só nos dá o que é possível
A menos que você suborne a vida
E passe a desconsiderar todo e qualquer vínculo
Porque se "dizerem" amigos não é garantia de nada
Hoje eles estão felizes
Encontraram caminhos nos quais eu também busco
Mas tenho que reaprender a ser sozinho
A não depender da carapuça samaritana das pessoas
De conselhos que elas já não têm mais saco pra ma dar
A vida me afastará de todas essas pessoas
E o rumo que eu tomarei, de nada interessará a elas
É só meu, único e exclusivamente meu
Pelo menos, estarei sozinho por completo
E não inserido numa companhia forjada
Finalmente... aceitei a solidão.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

SAUDADE

Saudade...
A gente tem
A gente guarda
A gente mata
E põe no túmulo grenar
Escondido no peito
Camuflado pela alma.
De quem você sente saudade?
Da família?
De um lugar?
De um amor?
Saudade de um amor?
O amor é alheio a saudade
Ele é presente em toda vida
Quem vive sem amor
Vive com saudade
E a saudade só nasce
Quando algo morre
Quando a gente é triste
Quando o dia é cinza
E a noite é eterna
Mas há quem ria da saudade
De um conto a esmo no silencio
De um medo presente no esquecimento.
A saudade é um prato vazio
Refletindo a nossa face
As vezes me pego pensando em ti
E sinto saudades
Não queria mover as pedras
Não queria te tirar do túmulo
Não queria desfolhar minh'alma
Eu sei que é contra
E tudo se opõe a essa saudade
Mas vives inserida na tormenta
A inundar meus olhos
A afogar meu peito
A me matar... de tanta saudade
Queria não te amar
Queria cobrir meus medos
Queria te odiar
Mas a vida só tem sentido
Se tudo que existe está presente
Se tudo se foi, não há amor
Só há saudade
Acho que vivo sem saudade
Acho que vivo
Acho que...
Não acho mais nada.


W.Choppinho
Recife, 06 de Maio de 2009
às 13:00h

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domingo, 3 de maio de 2009

REVÉRBERO

Agora
Agora é cedo
Agora é cedo e triste
Agora é cedo e triste em mim
Agora é cedo e triste em mim Agora
Agora é dia
Agora é dia de mar
Agora é dia de mar e sol
Agora é dia de mar e sol Agora
Agora é noite
Agora é noite de lua
Agora é noite de lua triste
Agora é noite de lua triste e só
Agora


W.Choppinho
Recife, 12 de Setembro de 2008
às 22:19h


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quinta-feira, 30 de abril de 2009

LAMÚRIAS

Abriste a porta do meu quarto
E sorrateiramente adentraste-o
Cabelos soltos, camisola de seda
Que em encontro com a luz da lua
Tomava uma tonalidade perolada
Passos lentos, olhar insinuante
Deitaste em minha cama com delicadeza
O cheiro do teu corpo me roubava os sentidos
Tua pele já começava a esquentar
Cabelos ainda úmidos, pescoço perfumado
Ainda exalando o J'ADORE do Dior
Tão presente em minhas narinas
Desde o dia em que nos amamos pela primeira vez.
A minha insistência em não te resistir
Puxar teus cabelos pelo pé da nuca
Olhar no fundo dos teus olhos
Morder teu queixo, sugar tua língua
Usar os dentes para tirar tua roupa
Todas as loucuras que me induziste a cometer
Tuas lamúrias, gritos e respiração ofegante
Não importava se eu estava em baixo
Ou se estava em cima... era um despudor voraz
Todos os palavrões e discrepâncias
Que adoravas quando eu as propagava em teus ouvidos
Palavras xulas, por vezes ditas
De "puta" à "meu amor"...
Tantas noites nos vestimos de loucos
E tantas vezes deixamos nossa máscara cair
Éramos só você e eu, a carne e a faca
Desprendido da miséria e hipocrisia do mundo
E entregues a delícia de um gozo desmilinguido
Atroz, nítido, putrefato e odioso
E finalmente deitávamos, suados, exaustos
Mortos de tanto prazer
É melhor morrer te possuindo à ultima migalha
Que tentando ser humano num mundo desprezível
Como este em que estamos agora
Resta-me olhar no vazio e te possuir em pensamentos
Onde quer que você esteja, nenhuma noite
Em nenhum momento de minha vida, foi igual aquela.

W.Choppinho
Recife, 12 de Abril de 2009
às 03:12h

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quarta-feira, 29 de abril de 2009

SONATA DA MADRUGADA

Com a boca sedenta e o corpo desfalecido
Vieste ao meu encontro
Tão branca, tão pura, tão leve...
Teu corpo até me feriu ao tocar-me
Te colocas em ordem, fio por fio
Teu cheiro, teu gosto...
Provei de ti, do inicio ao fim
Pedaço por pedaço, grão por grão
És o sal da terra, o sabor da vida

Mas vejo o perigo pregado a face
Me tornar tão dependente de ti
E me solver diante da lógica
O gosto amargo que se propaga
Num pêndulo arenoso e fétido
Te deitas em um plano escuro
E te mostras ao contraste da tua existência
Mas ainda de procuro, ainda te devo
Devo a cartilagem cortada,
Marcada por tua passagem


W.Choppinho
Recife, 15 de Abril de 2009
às 02:49h

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DONA DE TODA BELEZA

Ao abrir da tarde, põe-te
Moça morena, a lançar os olhos no mar
Pisando levemente a areia molhada
Sem encostar os calcanhares no chão
Encontras-te às costas nuas
A buscar no horizonte uma saudade,
Um silencio, uma contemplação divina.
A pureza no suspiro contido
Misturada ao suor da pele branca
Faz uma solução aquosa, ácida
Que me leva a ponderar sobre ti
E subverter as minhas inquietações.
O que é belo passa a ser questionado
Porque a beleza é parte de qualquer pessoa
De ti, é o todo... indivisível e fixo
E ao enxergar o olhar maldoso de outras
Que passam por te e invejam tua imponência
Chego a ficar envaidecido
Pois deste a mim o delírio de te adorar
De te debruçar sobre meus olhos
E desenhar a forma que és, moça morena!
Agora deito a caneta sobre as folhas
E as pálpebras sobre meus olhos
Chego a tocar teu corpo em migalhas,
Em raspas de imaginação...
Será que isso é possível? Não sei!
O que sei é que continuas a olhar o horizonte
Ao cair da tarde, num triste adeus do dia
E o mar se faz mais calmo, e guarda as ondas
Em respeito a tua chegada, moça morena
Dona de toda beleza.


W.Choppinho
Recife, 28 de Abril de 2009
Dedicada à morena da praia de Porto de Galinhas.
às 15:20h

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CRÔNICAS SOBRE O DESAMOR

E então, o fim de mais uma paixão
Veio... e se foi na poeira do tempo
Eu que entreguei todo meu apreço
Apostei tudo e mais uma vez, peno
Acho que nasci para não ser amado
Ou as flores pra mim não desabrocham
Sinto que há de mais em meu coração
E de menos em minha vida
Tua partida foi silenciosa, do dia pra noite
Me deste adeus pouco depois de dizer "eu te amo"
E então eu pus os meus pés no chão
E mendiguei num suplício uma explicação
Nada além do silencio, nada além do espasmo
Me deste um adeus ríspido e cru
Saíste de minha vida numa obra do acaso
Não por falta de amor, nem de sonhos
Dei tudo o que um pobre poeta
Pode oferecer em forma de palavras
Mas parece que foi pouco, ou quase nada
Não chorarei mais uma vez,
Não darei este gosto ao meus demônios
Ficarei aqui, sentado neste banco
A te olhar me dando as costas e partindo
O que me resta é não desistir
Procurar um novo amor em cada amanhecer
E tentar fazer de conta que tudo morreu
Volto a pisar neste chão de espinhos
Esboçando um sorriso, apesar do choro
E te agradecendo por mais um favor
O favor de me iludir e tirar de mim
A coisa mais nobre que eu tinha
Minha esperança, adeus!!

Recife, 28 de Abril de 2009
às 02:28h

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POR TUDO E POR NÓS MESMOS

De que é feito o amor senão de dúvidas
Um pouco de amargo, uma pitada de desculpas?
Amar é procurar uma cor num quadro em tons de cinza
É mastigar um remédio que não se engole por inteiro
É meio rúcula, meio brócolis, meio azedo.
Tenho vivido muitos enganos, a vida é cheia disso
Enganos são mais que promessas não cumpridas
São frutos de uma árvore regada a lama
A primeira flor que nasce, morre... seca
E eu te amei por tudo e por nós mesmos
Além do que a visão alcança

De que é feito o amor senão de risos
Por algo que se conquista, por uma dor presente
Rir é apenas mover a carne ao gosto dos hipócritas
Então, ria de mim... faça-me ridículo
Por tudo e por nós mesmos
Todo carinho vem de vencido, nunca é concebido
Ao todo, somos eu e o tempo... o resto é podre
São migalhas cuspidas em nome do medo
Acho que de tanto amor, chegamos a ser tolos
O amor é medido em gestos, não em planos
Quantos planos são necessários para viver o amor?

De que é feito o amor senão de "adeuses"?
Um adeus por cada beijo retribuído
Um adeus por cada abraço... nem sempre sincero
O ridículo da vida é aceitar sua existência
Mendigar um gesto nunca antes feito
E se jogar no abismo da ilusão plena
Lembra que a felicidade é efêmera
E tudo que eu digo tem fundamento lógico
Portanto, não ame... não seja tolo
Viva o que sente sem sentir o passar da vida
Vou viver, reorganizar minhas coisinhas
E te esquecer...


W.Choppinho
Recife, 27 de Abril de 2009
às 19:06h

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A TI, MORENA

Morena que passa na Rua Dom Bosco
Dedico a ti estas linhas
E eu, apaixonado, te vejo a caminho
De um lugar qualquer
Seguindo trilhas, caminhos torcidos
Devagar, quase pairando
Não sei se és um poema
Ou simplesmente um delírio íntimo
Mas cada passo que inicias
É como se vieste a meu encontro
Sandalhinha rasteira a ranger
Passadas curtas, proporcionais a ti

Tudo de ti, morena
É fruto do mínimo sabor de ventura
Atravessas a Cde. da Boa Vista
E nem olhas para trás
Mas só de te ver passar seguindo o vento
Por toda Rua Dom Bosco
Valeu apena parar no tempo
E admirar a mais pura beleza do teu rosto


Recife, 20 de Abril de 2009
às 16:44h

O TEMPO PAROU...

Tá tudo estranho no templo do afeto
Tudo passando em meio aos escombros
Até onde não há fresta para os ventos
A vida atenta para o que não vemos
Eu que a tive em meus braços,
Eu que deitei em teu colo e chorei
Espero o telefone tocar até agora
Querendo um aviso, um sinal de saudade
Um carinho distante, mesmo não-polido

Seria eu um estúpido em falar de amor
Já que o amor é algo que te cobro
E por muitas vezes não te dou?
Ou já não sabes o suficiente
Dentro desta visão atenta da paixão
Que te amo além do tempo
Infinito e mísero diante da eternidade?
Queria tê-la agora, por mais uma hora
Que pra nós é muito mais que mil minutos
E te ver acolher meu carinho,
Esse mendigo sujo, porém honesto
Presente no montante do amor que devo

Ainda vão se passar muitas horas
Talvez hoje nem ouça teus sussurros
Mas o meu lamento vai além do que se ouve
E sabendo que o tempo é a sensação de movimento
Queria ficar parado, mudo, no escuro
Pra ver se o tempo pára
E nada além do canto de um pássaro
Ou do sonar de algum morcego
Faça-me acreditar que o dia passou,
E eu não te ouvi, nem te toquei
Vai valer a pena acreditar que o tempo parou.


Recife, 22 de Abril de 2009
às 02:12h

ME AME (OU AME-ME)

Me ame
Apenas o necessário para seguirmos
Pois nossos passos abrem o caminho
Em silencio, descalços, dormentes
Me ame
Busque em mim o melhor que falta em você
Transforme o seu medo em fogo
E seus desenganos em flores
Me ame
Muito além da saudade, muito mais que amante
Sempre que preciso aponte para o norte
E tente enxergar-me em cada vão de estrada
Me ame
Com afeto, com desejo, com raiva
Aquele amor que expõe a carne viva
Deite-se ao meu lado esta noite e
Me ame
Daquele jeito quente e doente
De morder a língua e lamber os dentes
De salivar molhando o corpo
Me ame
Inocente, ardente e vulgar
Tentando com os olhos fixar meu peito
Abraçar o sono em baixo das cobertas
Me ame
Pois todo amor é mágoa e delírio
Tem um lance de tragédia, tem um ar de sorriso
Se reprimido, larga o mundo e
Me ame


Recife, 06 de Abril de 2009
03:22h

CANTIGA NOTURNA DE UM DESAMOR

O Desamor chegou:
- Vai, abre a porta!
Entre e sente a mesa comigo, assim estou
Mais uma vez sozinho a contar o tempo que passou
E que amei além do que se ama qualquer amor
Sirva-se, ponha ao prato o que desejas

O único e exato sentido das palavras
É sempre aquele que a boca profana ao vento
Fala, fala pra mim qualquer coisa sã
Que a insanidade não pertence a teu mundo
E não te preocupas porque choro...
O desamor tem que ter um "Q" de saudade
Saudade do que bate na gente
E não nos faz sentir dor.
Dá tempo ao medo que também se faz presente
Ele precisa de um sentido pra seguir
Buscar num oceano de lamentos e lágrimas
A gota de um delírio arrancado, amordaçado

Me nega esse fardo de te levar comigo
E devolve essa minha gana de viver, por favor!
Agora a noite fria e chuvosa do outono
É minha morada e meu cantinho da saudade
Quero falar ao meu coração criança
Que por mais que a solidão entre em minha casa
Sempre terá um novo amor a dormir comigo.


Recife, 11 de Abril de 2009
21:57h

ODE À MULHER PROIBIDA

Se não fosse por este imenso amor que sinto
Talvez estivesse longe dos teus olhos
Disfarçado de coluna em qualquer edifício.
E como é difícil resistir a distancia
Saber que só podes ser minha em pensamento.
Até quando suportar o martírio do engano,
Se já me entreguei a ti por completo?
Se não fosse o alimento do desejo que cultivo
Provavelmente não seguiria o teu caminho
Buscaria um amanhã menos triste pra renascer
Tocar, beijar, roçar minhas pernas nas tuas
Acordar-te com um cheiro em teu pescoço
É só desejo, que provocas todas as noites
Ao atender teus suplícios sedentos por carinho
- Diz a ele que me amas, não te enganas!
És minha tanto agora quanto na eternidade.
Se me falta o talento de te esperar por mais um dia
Sobra-me o lamento de concordar com teus planos
A me pedir paciência, a te entender sem questionar
É que não caibo mais em mim de tanto desejo
Quando me olhas, me desafias... e sou complacente
Porque mesmo na agonia de um suspiro em teu ouvido
Eu tenho que controlar meus anseios
E contar com os olhos cheios de desgraça
Este infinito passar das horas
Um “tic-tac” desalmado e nem de perto misericordioso
Agora deito sobre meus braços
E descanso da noite que passei acordado.


Recife, 15 de Abril de 2009
00:36h

UM DELÍRIO, UM ADEUS

Parece parte da minha vida
Amei, como há tempos não amava
E me iludi, mais uma vez
E como tantas vezes...
Me deixaste a chorar a mesma dor
Há tempos já acostumado
Nem sequer me mandaste embora
Apenas partiste...
Compraste uma ilusão tão ridícula
Acreditaste num amor que não existe
Preferiste o desamor...
Sabes que não o ama...
E mesmo assim, insistes
Por insegurança, por medo
Como se tudo isso fosse mais importante
Que viver o pleno... o doce da vida!

Como ousas me dizer palavras
Que não és capaz de traduzir em gestos?
Por que pediste meu colo
Se o carinho que te dei foi sucumbido?
Foste minha por algumas noites...
Apenas juras... apenas promessas
E nem tua palavra de jogar tudo por alto
E viver essa paixão comigo
Foste capaz de cumprir... és uma fraca!
Refém de um delírio reprimido e desalmado

Queres saber por que fizeste isso?
Porque você não se ama
Porque não tens pulso
Te vendes por falsos abraços
E por uma sensação de segurança inútil
E sabe o que me dá mais raiva?
É que te adorei do principio ao fim da história
Do primeiro contato ao pedido de abrigo
Abrigo no vão dos meus braços
Que te ofereci tantas vezes em meio ao frio.


Recife, 26 de Abril de 2009
01:24h de uma madrugada chuvosa.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

DIÁLOGO DO PERDÃO

Tristeza, velha amiga,
Venho encarecidamente te pedir trégua.
Sei que muitas vezes me acolhes,
És a única a me abraçar quando mais preciso.
Mas desta vez eu necessito da tua ausência,
Não tenhas de mim uma má impressão,
Sabes que sempre estarás comigo.
Pois somos íntimos e antigos amantes,
Foste feita sob medida para mim.
Podaste minhas inquietações
E tanto adormeci...
Ah, quantas vezes adormeci em teu abraço.

Tristeza, velha amiga
Se me ponho hoje a sorrir, não é por mal
É que me apaixonei perdidamente.
Eu sei o quanto isso te doi
Mas procure entender o meu suplício.
Há tempos ando de mãos dadas contigo,
Se agora não mais te pertenço,
É só por alguns dias... vai passar
Sabes como ninguém que o amor me odeia
E a felicidade, teu desafeto, me ignora.
Só tu és complacente com minhas angústias
E eu, por mais que não queira, me entrego

Tristeza, velha amiga,
Estimada companheira que dorme comigo,
Deixa eu ser tolo só por alguns momentos.
A teimosia é algo que te desagrada
E a minha, nem se fala.
Mas sou humano... e apaixonado
E todo humano apaixonado é tolo,
Porque me atiro em braços enganadores,
Ouço palavras mentirosas,
E o que resta a mim senão acreditar?
O que serei se não crer na mentira
Que sai da boca iludibriosa daquela mulher?

É, tristeza...
Talvez tenhas razão em rir de mim.
Nada mais me resta a não ser voltar pra ti
Com os olhos cheios d'água,
Pedindo novamente teu colo, teu abraço
E suplicando teu perdão.
Mas que seja por pouco este tempo.
A noite é jovem,
O amanhã é incerto,
Mas há amor demais em mim
E este, por mais que me odeie,
É a parte que me cabe neste mundo

Perdão tristeza, perdão!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

QUADRANTES IRREGULARES

O caminho de cada coração apaixonado
Segue quadrantes irregulares sobre espinhos
Cada qual com sua dor, com seu penar
E me vejo aqui, mais uma vez a falar de sonhos
Não há como sonhar sozinho, é preciso sermos muitos
Sonhos são antíteses da vida hipócrita que levamos
De um mundo sem alma e sem coragem para seguir
Se faz necessário romantizar a vida,
Mas ela precisa ser vivida.

E lá vou eu, de novo, a falar de sonhos
Mas é preciso a ilusão de um grande amor
Fazer de conta que há ternura no NÃO
Abrir a porta sem se importar se é pra sofrer
Negar o fruto de um desejo incontido
É ceder ao ego da podridão de um sentimento
A carne que rega o peito sufoca o amor
O filho bastardo de uma mente delirante
A procurar sua ama-de-leite em meio aos escombros

O caminho de cada coração apaixonado
É o tempo que se faz da razão entre suas grandezas
E meu mundo é um árido punhado de culpas
Com uma flor no centro, e uma mão poente
A regar o sentido ínfimo e sagrado da vida
É preciso amar do fundo da alma
E parar a beleza, no íntimo da loucura!


W.Choppinho

Recife, 10 de Janeiro de 2009

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

AUTO-ANÁLISE

Vivo a estranhar as coisas da vida.
Meu mundo é seco e meus olhos, o oposto.
Ninguém sabe o que é o amor
Até descobrir o amargo do desprezo.
Eu vejo em cada olhar um asceno
E planto paixões em terras inférteis.
Eu devo estar ficando louco ou sóbrio.

Se colocaram em meu copo uma dose de felicidade,
Esconderam a garrafa em algum lugar imundo.
Sozinho não consigo achar beleza em nada.
E tudo parece fruto de um mesmo desamor
Regado por lágrimas: sofridas e ácidas.
"Cala-te coração, ponha-te em teu lugar"
Ele não ouve... faz de conta que emudece.

Já não sou eu quem escreve estas frases,
Sou um simples fantoche desmiolado,
Mas meu coração é deverasmente apaixonado
E sofre por mim e pelos outros.
O que há de estranho com o que sinto?
Se o que vejo é tão triste
E o que faço... tão errado?
Pois bem sabeis, sou inanimado,
Descartável aos olhos da alma.
Escrevo poemas em folhas amanteigadas
E ouço elogios de tantas pessoas
Que sequer fazem valer o amor que lhes foi dado.

Mas não sou eu que julgo a verdade;
A verdade é única e tem ciúmes dos "porquês"
Não por uma razão ou fato isolado
Mas por saber que ninguém é digno
Em se contrapor a ela ou a si próprio.

Ainda não sei por que
Vivo a estranhar as coisas da vida.
Talvez por medo, por insegurança,
Mas só amo a quem desama.
E isso me faz ser mais do que preciso
E ter menos do que eu mereço.


W.Choppinho

Recife, 27 de Janeiro de 2009

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

POEM FOR A FRIEND IN LONDON

Saudade é coisa que não se explica
Mas se aplica... e planta no peito um vazio
De que se faz a vida senão de desejos?
Também de anseios e um pouco de dor?
A tua partida foi assim, como um fim de tarde
Um pôr-do-sol... e a beleza de uma despedida
Acompanhada da certeza do teu retorno
Anoitece... e silencia, olho o relógio
E lembro que hoje é domingo
E espero o telefone tocar
Mas é mais um dia que vou a pracinha
Comer pastel em frente a igreja... sozinho!
Aguardo teu regresso
Assim como um pai espera um filho
Vindo da guerra... longe por meses
E quando voltares, direi:
"Todo caminho tem ida e volta
Você não voltou atrás
Apenas vieste ao teu encontro".


W.Choppinho


Poema para o amigo Giovanni Matos, atualmente morando em Londres.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

PRIMEIRA ODE À AMADA

Não há um só minuto que eu não pense em ti
E não só penso... te desejo, és parte de mim
Eu não pedi, não planejei, apenas segui
Mendigando a todo tempo um pouco do teu carinho
Não há como negar, meu corpo vibra, as mãos suam
Basta chegares perto e me olhar
Mesmo o teu olhar de despreso tão presente
Não vês que teu lugar é ao meu lado?
Deixa eu te conhecer, deixa que eu pertença a ti
Não digas que és mais uma, sabes que não és
És a flor que guarda em si o pólen da vida
Só podes ser única, apenas minha
Nada mais que um poema, nada mais que uma saudade
Apenas a linda flor, o âmbar da doçura
E como à vida, te quero tanto e quanto mais

W.Choppinho

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.