quarta-feira, 28 de julho de 2010

EU ME PERCO SOZINHO

Eu me perco sozinho. Foram vozes, dentre elas, a que me fala. Pois saudade é poeira do tempo e graxa de engrenagem. Vi-me, eu, a lembrar das tardes em que vinhas a minha procura, com a boca cheia de vontades e os olhos refletindo a luz da face, que a penumbra fez saber do seu segredo escondido diante do primeiro cálice. Fez tomar-se este segredo e descobrir-se diante do abismo, que traz no arcabouço do seu mote a presunção de tornar-se inimigo do seu próprio medo. Cavavas este caminho ante ao teu desejo e choravas de dor. Doía, e com a dor se fazia o dia que explodia no prisma as cálidas mensagens de amor. Se perto era à diante, radiante sorrias e eu só sentia pavor. De certo era tudo o que querias em meio a agonia de enfrentar o passado e ajoelhar-se ante a redenção do mesmo medo. Purificado para ser amaldiçoado, replicava as horas como se segundos antes deste instante, o agora fosse tudo o que não vinha. E mesmo eu, a lembrar teus beijos antes guardados neste mundo louco que é o sonho de sonhar contigo, me fiz de surdo quando falaram dos teus atos desvalidos e insignes. Hoje fora a mesma face e eu não fugi do teu domínio. Este talvez seja o maior dos receios que adormecem longe do meu poço de coragem e desespero. Eu me perco sozinho.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O TERCEIRO ADEUS

Contudo, ainda se faz tarde no céu cinzento
Se pouco via a luz, agora tanto faz como tanto fez
Minha pele já não sente o calor dos teus abraços
Não é a mesma coisa da luz, é outro lance
É como criança prematura e sua necessidade de carinho
Não basta cobrir-me no edredom
E abraçar o travesseiro
Pois nele não há teu cheiro, não se ouve teu ofegar
Não me tocas daquele jeito, quando menos espero
É um invólucro de papel que não se abre
Na devoção que sempre tive a teu apreço
Fico como um menino espremido na janela fechada
A balbuciar canções que falam da chuva
E a tarde se vai com uma saudade incontida
Daquilo que não se tem e do que jamais volta.

W. Borba – Jan/2010

AS PUTAS DO RECIFE

As putas do Recife não cobram o que dão
Elas são fiés da grana e do status de homens
Que andam enviesados pelas ruas com suas pick-ups
A mostrar ao mundo que tudo se resume a isso
Outros têm fazendas e sítios que impressionam
Maioria só tem um carro, presente do pai.

As putas de Recife são bonecas de porcelana
Com a índole de barro e o caráter de azulejo
A vagar nas noites a procura de alguém de sua fé
Que banque seus luxos e pague seus whiskys
Satisfazendo-se de pouca migalha dada
E enchendo os olhos das amigas de inveja.

As putas de Recife são as verdadeiras putas
Não que em outras cidades elas não existam
Mas aqui eu as vejo e posso observá-las
Ninguém as encontraram em puteiros ou nas ruas
Basta enxergar no topo dos prédios
E nos bares chiques da cidade
Sempre com algum homem de camisa pólo e brasão
Para pagar a fatura com o valor da sua genitália.


W.Borba - Mar.2010

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.