segunda-feira, 25 de maio de 2009

HÁ BRAÇOS

Há gestos insólitos...

E perdi-me nas cidreiras

Colhi meus desencantos

Tive medo de ser só

E tive vontade de chorar

Há caminhos tórridos...

E andei por eles descalço

Medi o passo diante do caminho

Contei o tempo do meu sorriso

E tive vontade de chorar

Há pessoas ruins...

E olhei-os voltados pra terra

Subservi-os ao seu contentamento

Olhei em volta do meu mundo

E tive vontade de chorar

Mas quando te vi, ri, me aproximei,

E senti...

Há braços longos

Há braços carinhosos

Há braços contidos

E há braços que só querem...

...há braços sinceros,

Há braços quentes,

E sentindo que há braços...

...Não quis mais chorar.

terça-feira, 19 de maio de 2009

ILHADO

Nunca curti minha solidão sozinho, a minha solidão sempre foi a pior - A solidão acompanhada! Meus medos sempre foram órfãos de uma mão que apaziguasse minhas angustias e mesmo assim, nunca estive só. Há dias na vida em que tudo que eu mais quero é estar sozinho, pois há uma lógica adormecida no meu conceito de que muitas vezes eu não sou uma boa companhia para meus amigos. Eu sempre fui a exceção e sempre quis ter uma válvula de escape permanente em minha cabeça. Às vezes me refugio nos braços de mulheres que não amo, que não me amam e muito menos me completam, apenas enxertam concreto em meio as falhas de um coração, que aqui pra nós, já não agüenta mais tanto desprezo. Tem horas em que eu sinto que tudo que eu falo machuca as pessoas que amo e até no clichê do meu cinismo consigo ferir, sem mesmo sentir que isso dói mais em mim do que em qualquer um. Então, desde a semana passada, procuro um lugar longe de todos, um cantinho pra ter meu sossego e dar sossego aos outros, um colo que me abrigue, uma mão que se estenda, um beijo que me acalme e uma palavra que não me condene. Tudo que ouço ultimamente são palavras cortantes, críticas sobre minhas atitudes que, sinceramente, não consigo assimilar. Vão dizer que é por teimosia, vão dizer que é por vaidade, digam o que quiserem... ninguém é santo o suficiente pra me dizer como agir, nem demônio suficiente pra atentar sobre minhas opiniões. Estou mais dentro de mim do que ao meu redor, mais introspectivo, menos espontâneo, menos crítico e mais sensível a essas críticas. Peço para que se ponham em meu lugar, mais sair de um corpo em equilíbrio para abrigar um corpo diluído não é lá a melhor coisa do mundo e nessas horas, até entendo os que se recusam. Tenho acordado tarde e dormido ao nascer do dia. Meu chefe já não agüenta e se eu vacilar, perco o emprego rapidinho. Meu whisky já não tem o mesmo gosto, não sei se é por beber sozinho ou se por saber que ele me traz recordações amargas de um tempo em que a felicidade se sentava à mesa junto conosco e agora a mesa é um porto seguro, um escombro onde me encosto, tá difícil ficar em pé diante da realidade.


Recife, 19 de Maio de 2009
às 00:21h

domingo, 17 de maio de 2009

DANEM-SE

Depois de tanto tempo eu começo a ver
O quanto nós somos descartáveis para as pessoas
Quantas vezes disseram que me amavam
E me esqueceram, quando não mais de mim precisaram?
O correto é aceitarmos que tudo na vida é efêmero
A própria vida é...
A felicidade é...
O sorriso também é...
Por falar em sorriso,
É isso que eles tentam arrancar de mim
Como se eu fosse um fantoche das minhas próprias desgraças
Por muitas vezes fui acordado de madrugada
Com um pedido de ajuda:
"Olha, preciso conversar contigo..."
E sempre procurei dar mais de mim do que eu podia
Porque acreditava que o amor que eu sentia
Obrigava-me a não considerar as ocasionalidades
E eu tinha que ajudar estas pessoas
Porque eu só estou feliz se o meio em que vivo também está
Mas e quando eu é que preciso de ajuda?
Onde estão estas pessoas?
Onde está aquela preocupação para comigo?
Evaporou...
Sabe por quê?
Porque as pessoas se alimentam desta carga de amor
Deste imenso e desnecessário desejo de sermos úteis
Essa vontade de ser preciso até mesmo em momentos fúteis
O mundo só nos dá o que é possível
A menos que você suborne a vida
E passe a desconsiderar todo e qualquer vínculo
Porque se "dizerem" amigos não é garantia de nada
Hoje eles estão felizes
Encontraram caminhos nos quais eu também busco
Mas tenho que reaprender a ser sozinho
A não depender da carapuça samaritana das pessoas
De conselhos que elas já não têm mais saco pra ma dar
A vida me afastará de todas essas pessoas
E o rumo que eu tomarei, de nada interessará a elas
É só meu, único e exclusivamente meu
Pelo menos, estarei sozinho por completo
E não inserido numa companhia forjada
Finalmente... aceitei a solidão.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

SAUDADE

Saudade...
A gente tem
A gente guarda
A gente mata
E põe no túmulo grenar
Escondido no peito
Camuflado pela alma.
De quem você sente saudade?
Da família?
De um lugar?
De um amor?
Saudade de um amor?
O amor é alheio a saudade
Ele é presente em toda vida
Quem vive sem amor
Vive com saudade
E a saudade só nasce
Quando algo morre
Quando a gente é triste
Quando o dia é cinza
E a noite é eterna
Mas há quem ria da saudade
De um conto a esmo no silencio
De um medo presente no esquecimento.
A saudade é um prato vazio
Refletindo a nossa face
As vezes me pego pensando em ti
E sinto saudades
Não queria mover as pedras
Não queria te tirar do túmulo
Não queria desfolhar minh'alma
Eu sei que é contra
E tudo se opõe a essa saudade
Mas vives inserida na tormenta
A inundar meus olhos
A afogar meu peito
A me matar... de tanta saudade
Queria não te amar
Queria cobrir meus medos
Queria te odiar
Mas a vida só tem sentido
Se tudo que existe está presente
Se tudo se foi, não há amor
Só há saudade
Acho que vivo sem saudade
Acho que vivo
Acho que...
Não acho mais nada.


W.Choppinho
Recife, 06 de Maio de 2009
às 13:00h

© Todos os direitos reservados
Lei nº 9.610 de 19/02/1998
Ed. Mundo Imaginário
W.Choppinho (Wagner Borba)
wagborba@yahoo.com.br

domingo, 3 de maio de 2009

REVÉRBERO

Agora
Agora é cedo
Agora é cedo e triste
Agora é cedo e triste em mim
Agora é cedo e triste em mim Agora
Agora é dia
Agora é dia de mar
Agora é dia de mar e sol
Agora é dia de mar e sol Agora
Agora é noite
Agora é noite de lua
Agora é noite de lua triste
Agora é noite de lua triste e só
Agora


W.Choppinho
Recife, 12 de Setembro de 2008
às 22:19h


© Todos os direitos reservados
Lei nº 9.610 de 19/02/1998
Ed. Mundo Imaginário
W.Choppinho (Wagner Borba)
wagborba@yahoo.com.br

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.