Assim como quem acorda e encontra tudo fora do lugar
Eu despertei e não achei uma única pista do meu destino
Por onde andei, sabia eu, nunca acharia o meu caminho
Porque fiz do meu eterno "passar dos dias" um breve esquecimento
E o alento de me ver chorar apenas ao entardecer também é breve
Ha passos que se encontram sem nunca terem visto um ao outro
E mãos que se entrelaçam mesmo antes nunca serem parte de nada
Há madrugadas em que o berço dos sonhos desde sempre alimentados
Cai em meio ao poço profundo de mais um copo de whisky barato
Assim como confetes na ilusão da profana alegria de criança
Girando a chave que prendia meu corpo largo, imenso de saudade
Quis fugir do poço onde me abrigava e correr para a vida
Fazendo de cada despedida um breve adeus a esperar a volta
Mas o alento de me ver chorar apenas ao anoitecer também é breve
Como breve foram as partidas entre dias e noites ao relento
E o céu, gris, cinzento, vai também querer chorar um dia
Inundar nosso caminho, antes seco e vazio, agora turvo
E que nos fará olhar um no outro e nos enxergar, apesar do escuro.
W.Borba (Choppinho) - 11/10/2010