Numa noite, qualquer noite, noite passada
Era madrugada enquanto te via
Te emoldurava quadro a quadro em teus gestos
E teu olhar, aquele olhar, do primeiro ao último olhar
Sem querer me refletia
Sem querer abri meus olhos
Sem querer te conhecia
Tudo se espalhou e tudo convergia
Em cada toque, em cada beijo, em cada sorriso
Eu me nutria de desejo e te queria
Te seduzia e te deixava sem graça
Alí na sala, uma cerveja, cinco almofadas vermelhas
O tapete e você,
Você no centro de tudo e tudo em volta estava escuro
Sem ligar para o cansaço, encolhida em meu abraço
Éramos nós e o nascer do dia
Minha boca em teu pescoço, tua mão na minha
Te beijei, te senti, e teu cheiro entorpecia
Pele branca, cabelos negros,
Um sorriso que de tão verdadeiro
Transformava tudo aquilo um mero faz-de-conta
Mas não querias, não te deste a mim
Tantas razões e nenhuma convencia
Mas esse amanhecer contigo
Vou levar sempre comigo
Até o fim dos meus dias.
W.Borba
Recife, 31 de Março de 2010