terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

AINDA CAMINHAS PELA CASA

Tua sombra ainda caminha pela casa
Num falar baixo, num caminhar leve
Ainda deitas sobre o lado esquerdo da cama
Figuras como um imenso corte de seda
Perfumada com maçãs colhidas na alvorada
Teus passos ainda são audíveis
Ao mesmo tempo em que me causa estranheza
Estás no caule da mesma margarida
És o tempo e o contratempo da saudade
Mumificada em minha lembrança
Idolatrada em minha profunda tristeza
Não há muito o que se pensar
Pois adormeces em meu desassossego
Diante o mesmo ponto eqüidistante
Ao outro lado do infinito
Ainda que inerte, a casa vazia,
Soa como um grito ensurdecedor no silencio
Ainda que não se escute tuas preces
A mesma madrugada vai encobrir meus olhos
Com a mesma saudade que me cobre de lágrimas
Agora não há mais nada além do inexprimível
São só trovões e chuva torrente
E a casa sempre irá permanecer morta
Enquanto dela estiveres ausente.

A ILUSÃO ABSURDA DA VIDA

Então é Fevereiro e chega a hora do sonhar
Do faz de conta inquietante e necessário.
A cada ano a gente se veste de desejo
De saudade, de crítica, de anarquista louco.
Dar na cara o pó da ilusão absurda da vida
Ser palhaço e ser um bêbado maluco pelas ruas
Procurando um olhar que dê paixão
Por dizer assim, um coração que se estilhace
E no meio da folia se abrigue uma saudade
Por mais que louca, por mais que vadia
É só um porre de insanidade nas narinas
Descer ladeira e se espremer na multidão
A cantar a oração sádica da balbúrdia
Beijar a boca da primeira bailarina
Que se esbalda de sonhos ante olhos
Ou da borboleta que passeia perfumada
Inebriando o caminho por onde passa
É hora do burguês mendigar o beijo
E do plebeu ser ator de si mesmo
Pulemos a cantiga do escárnio generalizado
Como nunca antes frevamos nas ladeiras do tempo
Por um momento, por um desejo
O beijo, o sonho, o porre e o medo.


W.Choppinho
Recife, 22 de Janeiro de 2010

PERDIDO EM MEU MUNDO

Aqui, eu e meu mundo. Perdido e procurando respostas pras coisas que por muitas vezes não se questionam. Sou um simples jovem, metido a fazer versos do Recife. Cidade que traz a beleza das obras e virtudes de outrora e escancara a miséria e desumanidade. O que eu busco é encontrar a beleza em tudo que se faz presente no universo, nada para mim é completamente sujo que não se possa ver o seu núcleo, a sua essência. O ser humano é belo... é ímpar, tanto na capacidade de amar quanto na qualidade destrutiva. Mas é a beleza do ser que eu procuro, e é por ela que hoje me encontro PERDIDO EM MEU MUNDO. Meu mundo pode não ser um bom lugar pra se viver, mas com certeza é um ótimo lugar para apreciar a vida. Venha quem quiser, meus braços e minhas letras estão estendidas para a vida.